O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (9) o resultado de março para a inflação oficial do país, que é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IPCA ficou em 0,93% em março, acumulando 6,10% nos últimos 12 meses, a maior para esse período desde dezembro de 2016.
O IBGE destaca que “é o maior resultado para um mês de março desde 2015, quando foi registrada inflação de 1,32%”. A alta da inflação de 0,93% para o último mês foi a maior desde dezembro de 2020, quando avançou 1,35%. Em fevereiro, a alta do IPCA atingiu 0,86% e em janeiro de 0,25%.
No mês de março do ano de 2020 a inflação teve uma alta de 0,07%, pouco antes de uma queda da inflação nos meses de abril e maio nesse mesmo ano. Em 2021, a alta do IPCA até agora foi de 2,05%.
Outro ponto importante é que essa variação dos últimos 12 meses ficou pela primeira vez em 2021 acima do teto da meta de inflação estabelecida para este ano. Vale ressaltar que o centro da meta é de 3,75% e desse valor a tolerância seria de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos, podendo ficar então entre 2,25% e 5,25%.
Gasolina e botijão de gás pressionando a inflação
São 9 setores ao todo colocados e analisados em relação à inflação, sendo que 6 tiveram aumento, são eles:
- Transportes: 3,81%
- Habitação: 0,81%
- Artigos de residência: 0,69%
- Vestuário: 0,29%
- Alimentação e bebidas: 0,13%
- Despesas pessoais: 0,04%
Como podemos ver, de longe o setor de transportes foi o que mais puxou a inflação para cima. Importante lembrar que com esse número, os transportes tiveram sozinho uma participação no aumento do IPCA de 0,77 ponto percentual.
O IBGE mostrou que 3 setores tiveram queda da inflação, que foram:
- Educação: -0,52%;
- Comunicação: -0,07%;
- Saúde e cuidados pessoais: -0,02%.
Nos alimentos e bebidas, que variou 0,13% positivamente, percebe-se uma desaceleração do avanço dos preços no setor. Em fevereiro a alta da inflação nesse mesmo segmento foi de 0,27%.
O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica que “os alimentos tiveram alta de 14,09% em 2020, mas, desde dezembro, apresentam uma tendência de desaceleração. Alguns fatores contribuem para isso, como uma maior estabilidade do câmbio e a redução na demanda por conta da suspensão do auxílio emergencial nos primeiros meses do ano”.
O destaque de queda nos preços de alguns alimentos se deu no tomate, que variou negativamente 14,12%. A batata inglesa caiu 8,81%, o leite longa vida 2,27% e o arroz 2,13%. A carne, diferentemente dos alimentos citados anteriormente, acabou subindo 0,85%.
Gasolina e botijão de gás pressionando
Isso se deu por conta do avanço no preço dos combustíveis, uma vez que o IBGE apontou que a gasolina teve uma alta de 11,26% no mês e 23,48% nos últimos 12 meses e trouxe o maior impacto sobre o índice para o mês de março. Só a gasolina gerou um aumento do IPCA de 0,60 ponto percentual.
Além disso, o etanol teve uma variação positiva de 12,59% em março e 25,19% nos últimos 12 meses. O óleo diesel avançou 9,05% no mês e 17,10% nos últimos 12 meses. Os dois juntos tiveram uma participação de crescimento de 0,11 ponto percentual no IPCA mensal.
Pedro Kislanov explica que “Foram aplicados sucessivos reajustes nos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias entre fevereiro e março e isso acabou impactando os preços de venda para o consumidor final nas bombas.” Kislanov lembra que a variação do gás teve dois reajustes nas refinarias no período, o que colaborou para uma alta de 10,46%.