O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (1º) a sua decisão sobre os novos rumos da política monetária adotada no país.
A entidade financeira manteve inalterada a taxa de juros de referência do país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, assim como aconteceu nas últimas reuniões do banco.
“A questão dos cortes nos juros simplesmente não vem à tona“, informou o presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio da entidade sobre os juros. “É justo dizer que a pergunta que estamos fazendo é se devemos aumentar mais“, acrescentou.
Por que o Fed decidiu manter os juros estáveis?
Em comunicado divulgado hoje (1º), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), informou que o Fed poderá voltar a elevar os juros na última reunião de 2023, em dezembro. Contudo, o cenário atual ainda permitiu que o banco central mantivesse a taxa estável nos EUA.
De acordo com o Fomc, a atividade econômica do “país avançou em um ritmo forte” no terceiro trimestre. A propósito, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 4,9% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2022. Esse foi o maior avanço anual da economia americana desde 2021.
A entidade também ressaltou que a taxa de desemprego nos Estados Unidos continua em nível baixo, apesar dos ganhos moderados da criação do número de vagas nos últimos meses. Ao mesmo tempo, a inflação segue elevada no país, indicador que o Fed sempre está de olho,
“Os ganhos no emprego foram moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada“, disse o Fomc no comunicado.
Aliás, a entidade afirmou que o Fed poderá colocar em prática algumas ações para atingir seus objetivos. O fortalecimento do mercado de trabalho tende a indicar mais dinheiro injetado na economia, uma vez que haverá mais pessoas trabalhando no país. Como consequência, a inflação pode subir mais nos EUA, pressionando o Fed a elevar novamente os juros.
“O comitê procura atingir o nível máximo de emprego e levar a inflação à taxa de 2% a longo prazo”, disse o Fomc. Inclusive, o Fed levará em consideração os seguintes pontos para tomar decisões:
- Aperto cumulativo da política monetária;
- Fatores econômicos e financeiros;
- Enfraquecimento dos efeitos dos juros na economia e na inflação dos EUA.
Juros elevados enfraquecem inflação
Em todo o planeta, os bancos centrais elevam os juros com o objetivo de segurar a inflação nos países. Em síntese, política monetária apertada é sinal de juros elevados em diversos setores, ou seja, a população sofre com o seu poder de compra reduzido.
Esse cenário não é positivo para a economia, que sofre para se manter aquecida, já que a redução do consumo prejudica a atividade econômica dos países.
Apesar de negativa, a ação é vista como um “remédio amargo” para conter a taxa inflacionária. Por isso que os bancos centrais elevam os juros em períodos de inflação elevada, e isso explica as altas promovidas pelo Fed no ano passado, fazendo a taxa inflacionária perder força nos EUA.
Na verdade, isso acontece porque o aumento dos juros limita o avanço da chamada “inflação por demanda”, caracteriza pela alta dos preços de bens e serviços devido à procura elevada dos consumidores.
Decisão do Fed impacta o Brasil
Embora tenha mantido os juros estáveis, a taxa continua muito elevada nos EUA, e isso deverá afetar todo o planeta. No caso do Brasil, o que mais deverá impactar a vida da população é o aumento dos preços dos produtos importados.
Em resumo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo norte-americano. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, fortalecendo o dólar em detrimento de outras moedas.
Como a cotação internacional de bens e serviços é feita em dólar, tudo que vier de fora do Brasil deverá ficar mais caro. Nem todos sabem, mas diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior, como o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. A saber, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior.
Também não há como esquecer os combustíveis. Em síntese, a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação internacional do barril de petróleo e as oscilações do dólar. Assim, quanto mais cara estiver a moeda americana, maiores os riscos de alta dos combustíveis no país.
Além disso, o dólar mais elevado encarece a dívida pública do Brasil e pressiona o BC brasileiro a também manter os juros elevados no Brasil. Isso porque, mesmo com uma inflação mais baixa, uma redução nos juros brasileiros pode fortalecer o dólar e impulsionar novamente a inflação no país.