Milhares de pessoas em regiões da América do Norte, na Europa e na Ásia estão neste momento sentindo os efeitos do calor extremo no hemisfério norte. A chegada do verão nestes locais é uma preocupação para governos e autoridades ambientais. No Brasil, a situação é um pouco mais amena, e os índices de temperatura não preocupam. Mas até quando?
Ao ligar a tv no seu telejornal preferido, você certamente já se deparou com imagens de europeus sofrendo com as altas temperaturas, e provavelmente já se perguntou o que vai acontecer no Brasil quando o verão chegar por aqui. Afinal de contas, o país está preparado para sofrer os efeitos do calor extremo?
O que causa o aumento do calor?
Em primeiro lugar, é importante entender o que está causando o aumento de calor no hemisfério norte neste momento. Segundo analistas, há um conjunto de motivos que podem ser considerados. São eles:
- variabilidade natural do clima;
- emissões contínuas de gases que retêm o calor, principalmente da queima de combustíveis fósseis;
- Retorno do fenômeno El Niño, padrão climático cíclico que tende a ser associado a anos mais quentes em todo o mundo.
Diante de todas estas razões, julho caminha para se tornar o mês mais quente da história do planeta. Ao menos é o que aponta um dos principais climatologistas da NASA, Gavin Schmidt.
A Organização das Nações Unidas (ONU) concorda com a projeção e afirma que a menos que tenhamos uma “nova era do gelo nestas últimas horas”, o recorde de temperatura será quebrado.
E o verão no Brasil?
Mas afinal de contas, todo este conjunto de razões pode fazer com que o Brasil também tenha um verão extremamente rigoroso? Analistas não são unanimes, mas dizem em geral que a tendência é de que os impactos por aqui sejam menos sentidos do que este movimento que está sendo percebido na América do Norte, na Europa e na Ásia.
Há um motivo relativamente simples para acreditar nesta teoria: em tese, o Brasil já conta com temperaturas muito altas em quase todas as suas unidades da federação durante o período de verão. Assim, é possível que a população local sinta menos a diferença de aumento de temperatura.
Por esta lógica, o impacto no hemisfério norte acaba sendo mais sentido, justamente porque as pessoas não estão acostumadas a ter que enfrentar temperaturas como estas. Assim, estes cidadãos acabam sofrendo para se adaptar a uma nova realidade climática.
Mas alerta existe
Mas mesmo que esta avaliação esteja correta, o Brasil não está livre dos impactos das mudanças climáticas. Nos últimos anos, o país também vem registrando aumentos de temperaturas consideráveis. Neste ritmo, nem mesmo as pessoas que são acostumadas com o calor estariam livres de um impacto.
Para além disso, o Brasil conta com um problema extra: as queimadas. Em um país com tantos biomas importantes para a biodiversidade, o aumento das temperaturas pode levar a um aumento das queimadas em regiões como a Amazônia, a Caatinga e o Cerrado, por exemplo.
Conseguir apagar o fogo nestes locais é uma tarefa que normalmente exige muito tempo, e as perdas na flora e na fauna podem ser irreversíveis.
Cascáveis
Nesta semana, o resultado de um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que, para além do desmatamento, as mudanças climáticas também estão afetando a distribuição natural de cobras cascavéis no Brasil, fazendo com que mais animais desta espécie cheguem ao Sudeste, região que elas normalmente não estavam presentes.
Este seria, portanto, apenas um dos impactos mais fortes, para além do calor, que as mudanças climáticas estão provocando no Brasil, e que podem ter impacto direto na saúde pública do país.