Deputado ameaça “sentar porrada” em senador que negou reajuste salarial

Uma decisão tomada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) acabou em ameaça de violência na tarde desta quarta-feira (26). Castro deu parecer contrário ao texto que prevê a liberação de um reajuste de 18% para os profissionais de segurança pública do Distrito Federal, e logo depois foi ameaçado por um colega de partido.

O colega de partido não é qualquer parlamentar. Ele é presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Estamos falando do deputado distrital Wellington Luiz (MDB). Em um vídeo que já circula nas redes sociais, ele afirma que foi traído por Castro e que vai “sentar a porrada” no senador assim que possível.

“Traiu a gente. Acabei de noticiar ao presidente do partido, Baleia Rossi, sobre esse quadro que muito nos indigna. Eu, inclusive, vou mover ação contra ele, porque a peça dele é uma peça tecnicamente errada”, disse Luiz logo depois da decisão do seu colega de partido sobre o plano de reajuste de 18%.

“E outra coisa: ele nem sequer podia ser relator, porque estava na legislatura passada. Então, vamos sentar a porrada nele para largar de ser otário”, seguiu ele. No momento, ele estava ao lado da deputada distrital Jane Klebia (Agir). Ela não esboçou nenhuma reação depois da declaração do presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Depois da repercussão negativa do caso, Wellington Luiz disse que não disse estas palavras no sentido físico.

“A porrada da qual faço referência é política e jurídica. Não faço apologia a qualquer tipo violência. É revoltante o tratamento dado pelo senador às forças de segurança do DF. Já denunciei no partido e vamos à justiça”, declarou.

“Participei da manifestação dos policiais civis, militares e bombeiros do DF no Congresso Nacional. Eles buscam aprovar uma emenda para recomposição salarial de 18%, um direito fundamental. A segurança pública do DF é eficiente e merece nosso reconhecimento. Contem comigo nessa luta pela valorização desses heróis que arriscam suas vidas diariamente”, disse ele.

A causa da ameaça pelo reajuste

Mas afinal de contas, o que causou toda a fúria do deputado distrital?  Segundo as informações oficiais, há uma proposta apresentada pelo Senador Izalci (PSDB-DF) que pretende abrir espaço no orçamento federal para um futuro reajuste de 18% para as forças de segurança.

Tal proposta estava sendo relatada pelo senador Marcelo Castro. A análise do texto estava acontecendo na chamada Comissão Mista de Orçamento (CMO) na terça-feira (25). Castro deu parecer contrário ao texto.

Ainda há uma expectativa por uma segunda votação que pode acontecer ainda nesta quarta-feira (26). Integrantes das forças de segurança do Distrito Federal estão no Congresso Nacional para tentar pressionar os deputados e senadores a aprovarem a documentação.

As forças de segurança do DF

Os pedidos de aumento de salário para profissionais das forças de segurança do DF estão ocorrendo poucos meses depois do fatídico episódio do 8 de janeiro, quando boa parte dos servidores foram acusados de não agir corretamente diante dos atos golpistas no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.

Os profissionais da área, no entanto, lembram que a luta pelo reajuste salarial não está acontecendo de agora. Há vários meses os profissionais de segurança do Distrito Federal pedem pelo aumento, que depois da decisão de Castro nesta semana, ficou um pouco mais distante de ser concretizado.

Esta não é a primeira vez que o reajuste de profissionais de segurança vira polêmica no Brasil. Ainda sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve a promessa de elevação dos valores para os profissionais da área federal. A declaração, no entanto, gerou revolta de outras áreas. Alguns servidores do INSS, do Tesouro Nacional e do Banco Central entraram em greve para também pedir o aumento salarial.

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