Denúncias de assédio eleitoral no trabalho disparam, diz MPT

De acordo com o Ministério, número de denúncias envolvendo assédio eleitoral no ambiente de trabalho dispararam depois do primeiro turno

Dados oficiais do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostram que o número de denúncias envolvendo assédio eleitoral no trabalho está disparando nas primeiras semanas de segundo turno das eleições presidenciais. São casos de chefes que, de alguma forma, estão ameaçando os trabalhadores que não votam nos seus candidatos.

Segundo o MPT, as denúncias de assédio moral passaram de 45 no primeiro turno, para 334 no segundo turno até aqui. Trata-se de uma elevação de mais de 7 vezes. Os números foram confirmados oficialmente pelo órgão ainda nesta segunda-feira (17). Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o número já é maior do que o registrado em toda a campanha de 2018.

Há quatro anos, o MPT recebeu 212 denúncias desta natureza em todo o período eleitoral. Apenas 98 empresas foram investigadas na ocasião. Agora em 2022, o número já chega a 396 empresas. Estima-se que o número seja ainda maior, porque existe uma subnotificação, já que alguns trabalhadores têm um certo medo de fazer a denúncia.

Um dos casos mais claros de explosão dos números de denúncias vem de Minas Gerais. Dados do MPT do estado mostram que não houve nenhum relato de assédio moral por parte dos empregadores no primeiro turno. Em pouco mais de duas semanas de segundo turno, o registro já bateu a marca das 60 denúncias. Além disso, outros 10 estão correndo sob sigilo.

Em Santa Catarina, já são 42 casos neste segundo turno, contra 6 episódios registrados em todo o primeiro turno. No Rio Grande do Sul, foram 5 denúncias oficiais até o dia 2 de outubro. Outras 51 foram aconteceram entre os dias 3 e esta última segunda-feira (17).

Campanhas

A avaliação interna da campanha do ex-presidente Lula (PT) é que este aparente aumento no assédio aos trabalhadores estaria atrapalhando mais a campanha do petista. A equipe do candidato estaria tomando providências neste sentido.

Segundo informações de bastidores, o tema estará na pauta de uma reunião com o procurador-geral do trabalho nesta terça-feira (18). Já na última semana, a campanha chegou a levar a preocupação para o Tribunal Superior do Trabalho (TST).

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TST), Alexandre de Moraes, vai se reunir nesta terça (18), com o MPT. A ideia é tentar melhorar o canal de denúncias para facilitar a identificação dos casos, para que o assédio eleitoral não atrapalhe nem a campanha de Lula e nem a de Bolsonaro.

MPT

Em entrevista para o jornal Folha de São Paulo, o procurador-geral do trabalho, José de Lima Ramos Pereira, falou sobre o assunto. “Não é nem uma percepção, é um fato. Houve um aumento de notícias ao Ministério Público do Trabalho, de diversas formas, após o primeiro turno. O número total tende a ultrapassar muito o de 2018, que também não foi pequeno”, disse ele.

“Na hora que você faz uma denúncia anônima de que fulano de determinada empresa fez determinado ato constrangendo seus empregados, em grupo ou individualmente, você tem que provar. Qual é a melhor prova hoje? Filmagens. Que são permitidas, porque quando você filma algo que está acontecendo com você, é uma prova lícita”, completou ele.

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