O dólar fechou o pregão desta quinta-feira (31) em forte alta de 1,67%, cotado a R$ 4,95. No dia, fatores domésticos e externos influenciaram o mercado de câmbio, impulsionando a divisa ante o real.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar fechou agosto com um avanço de 4,68%. Aliás, no dia 16 de agosto, a moeda chegou a atingir R$ 4,9868, maior cotação desde a sessão de 1º de junho, quando a divisa fechou o dia cotada a R$ 5,0053.
Apesar da forte alta registrada em agosto, o dólar ainda acumula perdas de 6,21% em 2023. O tombo chegou a superar 11% em julho, mas a moeda conseguiu recuperar parte das perdas em agosto, principalmente devido às preocupações internacionais.
Estados Unidos e China preocupam
No primeiro semestre de 2023, os investidores estavam bastante confiantes com a recuperação econômica global. Por isso, a busca por ativos de risco se mostrou intensa, uma vez que estes ativos eram mais atrativos, apesar de não oferecerem tanta segurança.
Em resumo, as projeções indicavam que o planeta iria se fortalecer cada vez mais, com os Estados Unidos e a China puxando a atividade econômica global, uma vez que são as maiores nações do mundo. Contudo, isso não aconteceu, e os dados mais recentes estão apontando para um futuro bem mais desafiador do que o esperado.
Economia dos EUA enfrenta desafios
Nas primeiras semanas de agosto, a desaceleração econômica ajudou a impulsionar o dólar. Em síntese, uma recessão na maior economia do mundo certamente afetaria todo o planeta, e os investidores não quiseram pagar para ver. Então, retiraram seus ativos de países emergentes, como o Brasil, direcionando-os para grandes nações, como o próprio EUA.
Quando ocorre um maior movimento financeiro no país, o dólar acaba se fortalecendo, e foi isso o que aconteceu. Contudo, na segunda metade de agosto, o resfriamento da economia norte-americana acabou se mostrando positivo.
Em suma, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e os dados do mercado de trabalho se mostraram mais fracos que o esperado. Esses fatos poderiam impulsionar o dólar, caso fossem analisados isoladamente.
No entanto, estas informações agiram de maneira contrária, limitando a alta do dólar nos últimos dias. Isso aconteceu porque, quanto mais fraca a economia norte-americana estiver, menores as chances de o Federal Reserve (Fed), banco central americano, elevar os juros.
Na verdade, os investidores temem que a entidade eleve novamente a taxa de juros, que já está no maior patamar em mais de duas décadas. Caso isso aconteça, a economia americana poderá crescer ainda menos que o esperado, afetando todo o planeta.
China também fortalece o dólar
As preocupações dos investidores ficaram ainda mais intensas com os dados da China. A segunda maior economia do planeta era vista como a solução para a desaceleração econômica dos Estados Unidos, mas os dados do país asiático também estão preocupando.
Em resumo, os dados mais recentes confirmam a desaceleração no país. A saber, a China cortou taxa de juros, reduziu impostos para o mercado de ações e promoveu uma série de investimentos em agosto, tudo para impulsionar a economia nacional.
Entretanto, o temor envolvendo um possível desaquecimento nas duas maiores economias do planeta não incentivou os investidores a buscarem ativos de risco. Em outras palavras, o dólar se fortaleceu, enquanto o real tombou em agosto.
Cenário doméstico influencia dólar
Em agosto, o cenário doméstico exerceu influencia positiva sobre o dólar, ao menos em boa parte das sessões. As projeções para a economia brasileira ficaram mais positivas, refletindo a queda da inflação e o aumento do crescimento do PIB brasileiro.
Cabe salientar que, no último dia 22, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta do novo arcabouço fiscal. Embora haja muitas incertezas envolvendo a regra fiscal, o otimismo prevaleceu entre os investidores, que preveem impactos positivos com a regra.
O novo arcabouço fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, antiga regra que limitava o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Aliás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou hoje (31) o novo arcabouço fiscal. Isso quer dizer que o mês de setembro deverá ficar marcado pelos primeiros impactos da nova regra fiscal do Brasil.
Orçamento de 2024
Além disso, o cenário político prendeu a atenção dos investidores, que aguardaram até esta quinta-feira (31) o envio do Orçamento de 2024 pelo Governo Federal ao Congresso Nacional. Este era o prazo para o Planalto enviar o documento.
O governo afirmou que irá zerar o déficit público em 2024, mas os analistas consideram esse objetivo muito ousado. Na verdade, isso só poderá acontecer se o governo elevar a arrecadação federal.
Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiu que o orçamento está equilibrado. Entretanto, outros ministros já defenderam uma mudança na meta do Executivo, sugerindo a elevação do déficit público para até 0,75 do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o jornal Valor Econômico.
O mercado ainda repercutiu a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde da última segunda-feira (28). Em síntese, o documento cria alíquotas de 15% e 20% sobre os rendimentos dos mais ricos.
Trata-se da tributação dos fundos exclusivos e o capital aplicado em offshores, cuja tema será votado pelo Congresso Nacional. Caso isso aconteça, os grandes investidores poderão tirar seus recursos do Brasil para fugir da alta carga tributária, afetando a economia.