O dólar fechou a semana em queda, aliviando o mercado de câmbio. A moeda norte-americana, que registrou altas significativas nas primeiras semanas de agosto, cedeu nesta semana graças às notícias positivas no âmbito doméstico. Contudo, o exterior continua preocupando o mercado financeiro.
Nesta sexta-feira (25), o dólar teve uma leve queda de 0,10% e fechou o dia cotado a R$ 4,875. Na semana, as perdas chegaram a 1,85%, reduzindo os ganhos em agosto, que agora são de 3,09%, mas que já chegaram a superar 5%. No acumulado de 2023, a moeda segue no campo negativo (-7,64%), mas o tombo chegou a superar 11% em julho.
Veja o que mexeu com o mercado nesta sexta-feira
O mercado reagiu à divulgação do IPCA-15, indicador considerado a prévia da inflação. Em agosto, o índice subiu 0,28%, bem acima do esperado, visto que a mediana das projeções dos analistas indicava uma variação de 0,17%, mas a prévia da inflação acabou superando bastante essa taxa.
Cabe salientar que esse resultado não deverá afetar o corte de juros no Brasil. Segundo o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), a taxa de juros deve ser reduzida em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom, e a prévia da inflação acima do esperado não deverá mudar isso.
Em resumo, os analistas acreditam que o resultado, apesar de mais forte que o esperado, não é um indício de aceleração da inflação no Brasil. A propósito, o principal objetivo dos juros elevados é conter a alta da inflação, e, no Brasil, a taxa veio desacelerando nos últimos meses.
Aprovação do novo arcabouço fiscal
Na semana, o que ajudou a enfraquecer o dólar foi o arcabouço fiscal. Em suma, os investidores ficaram atentos à proposta do novo arcabouço fiscal, que foi aprovada na Câmara dos Deputados no final da noite da terça-feira (22).
A nova regra fiscal é a principal aposta do governo Lula para equilibrar as contas públicas e diminuir e estabilizar a dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mecanismo ficará no lugar do teto de gastos, atual regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.
Em suma, o novo arcabouço fiscal autoriza o aumento dos gastos acima da inflação, ou seja, a taxa inflacionária deixa de ser o principal teto para a alta dos gastos públicos. Além disso, a nova regra fiscal também determina que o crescimento dos gastos ficará condicionado ao aumento da arrecadação federal.
O mercado recebeu positivamente a aprovação do arcabouço fiscal, pois a nova regra elimina as chances de explosão da dívida federal, fator que pressiona no aumento dos juros, coisa que os investidores não gostam. Agora, falta apenas a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a regra entrar em vigor no Brasil.
Inflação e juros nos Estados Unidos
Embora o cenário doméstico tenha enfraquecido o dólar na semana, o exterior continua preocupando os investidores. Na verdade, o cenário internacional impulsionou a moeda americana neste mês de agosto, pois o mercado acabou percebendo que os Estados Unidos e a China não deverão crescer como o esperado.
A possibilidade de uma recessão global já foi ventilada por alguns analistas, e apenas esse temor já fez diversos investidores recorrerem aos títulos norte-americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo. Com mais dinheiro circulando nos EUA, mais forte fica o dólar. Por outro lado, o dinheiro sai principalmente de países emergentes, como o Brasil, enfraquecendo as divisas, como o real.
Também vale destacar que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, poderá elevar novamente a taxa de juros no país. Os analistas acreditavam que o Fed manteria a taxa estável, mas o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira (25) que a entidade poderá aumentar os juros na próxima reunião.
Ibovespa fecha a semana em leve alta
Em 19 sessões realizadas em agosto, o Ibovespa tem um saldo de 16 quedas. O resultado é péssimo para o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. Aliás, o Ibovespa chegou a cair por 13 pregões consecutivos, maior sequência de quedas já registrada na história.
Na sessão de hoje, o indicador caiu 1,02%, a 115.837 pontos. Com isso, o indicador reduziu significativamente os ganhos acumulados na semana para 0,37%.
Embora tenha caído em 16 pregões de agosto, o Ibovespa acumula uma queda de “apenas” 5,01% no mês, resultado considerado pouco expressivo para tantas quedas assim. Em 2023, o indicador reserva ganhos de 5,56%.
No pregão de hoje, 71 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, evidenciando a disseminação das quedas na sessão. A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 14 bilhões nesta sessão, valor bem menor que a média diária de agosto, de R$ 18,1 bilhões.