O preço da cesta básica caiu em 12 das 17 capitais pesquisadas em outubro de 2023 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O resultado é muito positivo para os brasileiros, que conseguiram gastar um pouco menos para adquirir uma cesta básica em boa parte do país.
Os únicos avanços foram registrados em Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo, locais que tiveram altas um pouco expressivas, ou seja, os consumidores podem ter sentido a variação dos preços, pelo menos alguns deles. Por outro lado, os 12 locais restantes tiveram queda nos preços, para alívio dos consumidores.
Confira as variações em todos os locais pesquisados em outubro:
Unidade Federativa | Variação |
Fortaleza | 1,32% |
Campo Grande | 1,08% |
Goiânia | 0,81% |
São Paulo | 0,46% |
Rio de Janeiro | 0,17% |
Belém | -0,10% |
Porto Alegre | -0,34% |
Curitiba | -0,91% |
Belo Horizonte | -0,96% |
Vitória | -0,99% |
Florianópolis | -1,19% |
João Pessoa | -1,37% |
Salvador | -1,39% |
Aracaju | -1,95% |
Brasília | -2,18% |
Recife | -2,30% |
Natal | -2,82% |
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de setembro, a cesta básica de Porto Alegre voltou a ser a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital gaúcha tiveram que desembolsar R$ 739,21 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 56% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.320) em outubro. Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em Porto Alegre, gastou muito para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo. Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja.
Nos últimos cinco meses, Porto Alegre apresentou a cesta básica mais cara do país em três ocasiões. Isso só não aconteceu em junho e em setembro, quando as cestas mais caras foram as de São Paulo e Florianópolis, respectivamente.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em outubro de 2023. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de Porto Alegre.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.210,11 em outubro, valor 4,60 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em outubro de 2022, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.458,86, valor 5,33 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.212).
A pesquisa também mostrou que para um trabalhador atuante em Porto Alegre conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 123 horas e 12 minutos em outubro.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de Florianópolis. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em outubro foi de 107 horas e 17 minutos, tempo inferior ao de outubro (108 horas e 2 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Descubra qual capital teve a cesta básica mais barata
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram os menores valores do país em relação à cesta básica de agosto, ficando bem abaixo do observado em Florianópolis:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
Porto Alegre | R$ 739,21 |
Florianópolis | R$ 738,77 |
São Paulo | R$ 738,13 |
Rio de Janeiro | R$ 721,17 |
Campo Grande | R$ 682,97 |
Vitória | R$ 675,16 |
Curitiba | R$ 675,01 |
Fortaleza | R$ 648,93 |
Brasília | R$ 647,76 |
Goiânia | R$ 636,07 |
Belém | R$ 632,92 |
Belo Horizonte | R$ 627,72 |
Natal | R$ 582,12 |
Salvador | R$ 563,10 |
Recife | R$ 557,10 |
João Pessoa | R$ 554,88 |
Aracaju | R$ 521,96 |
No caso de Aracaju, que teve a cesta básica mais barata do país em outubro, assim como aconteceu nos últimos meses. Na capital, o valor dos alimentos básicos comprometeu 39,5% do salário mínimo, taxa bem menor que a de Porto Alegre, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em outubro precisou trabalhar 86 horas e 59 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em Porto Alegre, a pessoa precisou trabalhar mais de 36 horas a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.384,99, valor 29,4% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta de Porto Alegre.