O número de inadimplentes no Brasil voltou a crescer em janeiro. No primeiro mês de 2023, a quantidade de pessoas com o nome sujo chegou a 70,09 milhões. Isso quer dizer que cerca de um terço da população brasileira iniciou este ano inadimplente.
Em dezembro de 2022, o país tinha 69,43 milhões de brasileiros inadimplentes. Isso quer dizer que mais de 600 mil pessoas passaram a fazer parte do grupo que sofre com contas ou dívidas atrasadas no Brasil.
Aliás, o número de janeiro é recorde da série histórica, que teve início em 2016. Em outras palavras, o levantamento nunca havia registrado um número tão elevado de inadimplentes no país quanto em janeiro de 2023.
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A propósito, o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, que apresentou todos estes dados, é realizado pela Serasa Experian e sua divulgação ocorreu nesta no último mês de fevereiro.
Em resumo, cerca de 3,9 milhões de brasileiros passaram a integrar o grupo de inadimplentes do Brasil apenas em 2022. Inclusive, o número só não ficou maior devido ao resultado de dezembro, quando 405 mil pessoas limparam seus nomes e deixaram de ser inadimplentes.
Esse novo aumento na quantidade de pessoas com dívidas e contas atrasadas liga o alerta para a população. Ainda mais quando os números de janeiro de 2023 são comparados aos de abril de 2020.
Em suma, essa foi a fase mais aguda da pandemia da covid-19. Nesse período, o Brasil tinha 65,9 milhões de inadimplentes, 4,2 milhões de pessoas a menos que hoje em dia.
A pandemia fez os brasileiros se afundarem em dívidas, impactando o mercado de trabalho e a renda da população. Embora o quadro sanitário tenha melhorado significativamente em 2022 no Brasil, os impactos financeiros e econômicos da pandemia continuaram afetando de maneira intensa a população.
Inadimplência cresce em 12 meses
O principal destaque do levantamento da Serasa Experian foi o recorde da inadimplência no país. A quantidade de pessoas com contas atrasadas cresceu durante 11 meses consecutivos, de janeiro a novembro do ano passado, e o único resultado positivo veio em dezembro.
Nos últimos 12 meses, o número de inadimplentes no país passou de 64,82 milhões, em janeiro de 2022, para 70,09 milhões, no primeiro mês de 2023. Isso mostra o quanto a população do Brasil está afundada em dívidas atrasadas, e a situação só piora com o tempo.
Em janeiro deste ano, o valor de todas as dívidas somadas ultrapassou a marca de R$ 320 bilhões. Isso significa dizer que cada um dos inadimplentes estava com um dívida média de R$ 4.612,30 no início deste ano.
De acordo com o levantamento, a faixa etária que concentra a maior porcentagem de pessoas inadimplentes é a de 26 a 40 ano. Em suma, estas pessoas representaram 34,8% do total dos inadimplentes do Brasil.
Em seguida, ficou a faixa etária entre 41 e 60 anos, respondendo por 34,7% das pessoas com contas ou dívidas atrasadas.
Vale destacar que as pessoas inadimplentes podem aproveitar o Feirão Serasa Limpa Nome, que teve início nesta segunda-feira (27). A edição de 2023 disponibiliza ofertas de negociação de dívidas com condições especiais para quem está com o nome sujo no Brasil.
A saber, “o total de descontos concedidos na plataforma chegou a mais de R$ 5,3 bilhões. O valor médio de cada acordo ficou em R$ 746,09 e o estado de São Paulo segue em destaque, representando 30,1% das renegociações”, informou a Serasa.
Inflação e juros elevados
A pandemia da covid-19 impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial. Isso reduziu a oferta, apesar de a demanda começar a se recuperar em 2021, passado o primeiro ano da crise sanitária.
Como a procura estava maior que a oferta, houve um aumento expressivo dos preços de bens e serviços, a temida inflação. O problema é que o custo de vida subiu, mas a renda dos brasileiros caiu, uma vez que a pandemia provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo.
Em 2022, as cadeias globais de suprimentos, que começavam a se estabilizar, sofreram com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Isso fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia, entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Aliás, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, uma Selic mais elevada reduziu o poder de compra do consumidor, que já estava com a renda corroída com a inflação ainda firme. E essa combinação de fatores impulsionou a inadimplência no Brasil.
A expectativa é que a inflação se mantenha em nível controlado, mas ainda acima do esperado. Já os juros deverão começar a cair apenas após o terceiro trimestre, ou seja, a população deverá sofrer por mais vários meses com esse cenário desafiador no país.