Banco não pode alterar condições de pagamento de plano de saúde em prejuízo a empregada aposentada por invalidez

Uma empregada aposentada por invalidez obteve a confirmação de que o seu plano de saúde deve ser integralmente custeado pelo banco onde trabalhou por mais de 30 anos.

De acordo com o processo, houve uma alteração contratual unilateral lesiva à ex-empregada, o que, conforme os julgadores, é vedado pela legislação.

Referida decisão da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região ratificou, no aspecto, sentença do juiz Roberto Antônio Carvalho Zonta, da 11ª Vara do Trabalho de Porto Alegre.

Restabelecimento do plano de saúde

Consta nos autos que, na ocasião da aposentadoria, a trabalhadora recebeu uma correspondência da instituição bancária comunicando expressamente que o plano de saúde dela e da mãe –  agregada ao plano – seriam totalmente pagos pela empresa, sem a exigência de qualquer contrapartida.

Contudo, em agosto de 2019, a aposentada foi surpreendida por nova correspondência, que informava a necessidade de contrapartida mensal de R$ 29 pelo seu plano e de mais R$ 980 para a manutenção do benefício da mãe.

Não obstante, ainda em sede de antecipação de tutela, o magistrado de primeiro grau determinou o restabelecimento do plano de saúde na forma anteriormente estabelecida, por considerar que a cláusula mais vantajosa não pode ser suprimida unilateralmente, sob pena de afronta ao art. 468 da CLT.

Boa-fé

Ao analisar o caso, o juiz ratificou a decisão anterior, fixou multa por descumprimento da medida antecipatória e condenou o banco a restituir os valores já descontados.

Para o magistrado, a quebra da cláusula geral da boa-fé, da qual deriva o princípio de que as partes não podem se comportar de modo contraditório em relação a atos e comportamentos anteriores, foi a base do entendimento.

A fim de reformar a decisão de primeiro grau, o banco interpôs recurso ordinário, o qual não foi provido.

Por fim, os desembargadores foram unânimes ao confirmar que cabe às partes se comportarem de forma coerente, não tomando atitudes contraditórias e desleais que causem ruptura da confiança e gerem prejuízo àqueles que lhes depositaram credibilidade.

O desembargador Fabiano Holz Beserra, relator do acórdão, considerou que o banco não trouxe qualquer elemento novo, capaz de afastar os fundamentos da decisão singular.

Fonte: TRT-RS

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.