O plano do Governo Federal de pagar um voucher mensal de R$ 400 para os caminhoneiros ainda não foi oficializado, mas já é alvo de muita polêmica. Alguns líderes dos trabalhadores da categoria criticaram duramente o Palácio do Planalto. Desta vez, o deputado federal Nereu Crispim (UB-RS) classificou o auxílio como um “deboche”.
“Isso não vai passar”, disse o deputado, que é conhecido como o líder dos caminhoneiros no Congresso Nacional. “Querem botar brete assistencialista eleitoreiro Tabajara. Essa gente propõe uma esmola que não paga a metade de uma recapagem de pneu! Nos respeitem! Isso é um deboche”, completou ele.
O ‘brete’ citado pelo deputado nada mais é do que um lugar fechado em que os peões costumam colocar o gado para ser vacinado. O deputado não está sozinho nas críticas. Logo depois da sinalização do Governo Federal, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, também criticou a medida.
“Ontem o governo federal recebeu R$ 8,8 bilhões de lucros da Petrobras, os acionistas receberam R$ 24 bilhões. Agora, Bolsonaro me vem com a proposta de R$ 400 de voucher para os caminhoneiros”, diz Chorão. “Lira tem que procurar algum amigo que seja transportador para se informar se isso vai fazer algum efeito para a categoria. É uma esmola”, diz.
O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, disse que a proposta “não tem cabimento”. “O governo está brincando com a categoria, já que R$ 400 hoje não dá nem para 100 litros de diesel, nem cobre os pedágios de uma viagem”, disse o presidente do Conselho nesta semana.
O que é o voucher?
O plano do Governo Federal é pagar um voucher mensal de R$ 400 para os caminhoneiros, ao menos, até o final deste ano. Estamos falando, portanto, de seis pagamentos. O valor gerou críticas por parte dos caminhoneiros.
Diante das reclamações, o Governo Federal começou a agir para tentar subir os valores antes mesmo do lançamento do projeto. Alguns membros do Palácio do Planalto dizem que podem aumentar o saldo para um patamar de R$ 1 mil por mês.
O plano é aprovar o novo voucher dentro da chamada PEC dos combustíveis. Assim, o texto funcionaria como uma emenda. De qualquer forma, é importante lembrar que os últimos detalhes do projeto ainda estão sendo definidos pelo Governo Federal.
Auxílio x eleições
Ainda há de se definir, por exemplo, se o pagamento de um novo voucher para os caminhoneiros não se trata de um crime eleitoral. Vale lembrar que 2022 é ano de eleições presidenciais, e o presidente Jair Bolsonaro (PL) já sinaliza que disputará um segundo mandato.
Pelas leis eleitorais vigentes, um governo não pode apresentar novos projetos em anos de eleição. Ele até pode seguir com os pagamentos dos programas que já existem, mas é proibida a abertura de novas vagas para novos benefícios.
Nesse sentido, membros do Governo iniciaram uma série de estudos para tentar encontrar brechas nesta legislação para conseguir pagar o auxílio para os caminhoneiros. Este é, portanto, mais um ponto que o Planalto corre para tentar resolver.