Auxílio Brasil ainda pode ter fila de espera

Auxílio Brasil ainda pode ter fila de espera

Mesmo depois de passar pelos senadores, não há garantia de que todas as pessoas vulneráveis do Brasil sejam atendidas.

Durante a última quinta-feira, 02 de dezembro, o Senado Federal aprovou a medida provisória que cria o Auxílio Brasil. Isto é, novo programa social do governo que substitui o Bolsa Família. Contudo, o texto aprovado conta com uma brecha que permite que o novo benefício conte novamente com filas de espera.

Assim, mesmo que as famílias estejam de acordo com todos os critérios de acesso, não há garantia se que esta entre para o programa.

O fato ocorreu pois o Senado voltou a relacionar o fim da fila de espera à disponibilidade de recursos orçamentários. Isto é, assim como ocorria no Bolsa Família. 

Desse modo, a MP do Auxílio Brasil foi publicada pelo governo durante o mês de agosto. No entanto, para se tornar definitiva a proposta necessitou de passar pelo Congresso Nacional. Após a aprovação, então, a proposta seguirá para sanção do presidente Jair Bolsonaro. 

O que os senadores decidiram sobre a fila de espera?

O relator do texto, senador Roberto Rocha, propôs uma modificação no formato da Câmara dos Deputados. Nesse sentido, as famílias poderiam se direcionar novamente para a fila de espera do programa.

Aprovada pelos demais parlamentares, portanto, a alteração só possibilita a entrada de novos participantes caso o governo possua margem orçamentária disponível. 

“Você pode zerar a fila, mas sempre condicionado ao Orçamento que esteja em vigor”, disse o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

“Ao longo do ano que vem, se forem se formando novos cadastros, vai ser formada uma fila, mas o Orçamento já foi aprovado, e não temos como fazer essas pessoas serem atendidas dentro do próprio ano. Então, elas serão atendidas no ano subsequente. Sempre haverá uma fila que se forma com o compromisso de ser atendida com os recursos disponibilizados no Orçamento do ano seguinte”, frisou o parlamentar, ao justificar a alteração. 

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Na versão da Câmara dos Deputados, contudo, o programa assistencial deveria albergar todas as pessoas elegíveis ao seu recebimento. Assim, o Auxílio Brasil não teria a formação de uma fila de espera. 

Com a criação do Auxílio Brasil, o Governo Federal prometeu ampliar o número de participantes para cerca de 17 milhões de famílias a partir de dezembro deste ano. Isto é, valor superior aos 14,6 milhões de famílias albergadas pelo Bolsa Família.

Logo após a aprovação da proposta na Câmara dos Deputados, Marcelo Aro, relator da MP na Casa, chegou a comentar sobre uma possível ampliação do benefício para 20 milhões de famílias. 

“Eu sou a favor do Auxílio Brasil. Sei que a gente pensa muito no futuro, mas 20 milhões de brasileiras e brasileiros, no momento que a gente está aqui, sabem que não vão almoçar ou jantar. Não tem como esperar”, comentou a senadora Zenaide Maia, comemorando a aprovação da MP. 

Além disso, outros parlamentares criticaram o modelo da proposta do atual governo. 

“O que se vê ali é uma destruição da estrutura do Bolsa Família, que era muito melhor, que contava com participação de todas as prefeituras e, agora, há uma concentração em entidades federais. É o governo agindo contrário ao seu lema: ‘Mais Brasil e menos Brasília’, mas esse projeto do Auxílio Brasil é, ao contrário, mais Brasília e menos Brasil. É uma pena que isso tenha ocorrido”, declarou o senador Oriovisto Guimarães.

Ministro afirma que famílias da fila de espera terão situação resolvida

Por fim, João Roma, ministro da Cidadania, também falou sobre as cerca de 2 milhões de famílias na fila de espera do benefício. De acordo com ele, estas terão sua situação resolvida pelo governo.

Desse modo, com a aprovação da PEC dos Precatórios, o Auxílio Brasil deverá contemplar cerca de 17 milhões de famílias neste mês. Anteriormente, o Bolsa Família contemplava pouco mais que 14 milhões de brasileiros.

“Iremos envidar todos os esforços para que o quanto antes esses recursos cheguem. os prazos estão apertados e estão além do que esperávamos, mas isso não será obstáculo para que a gente consiga cumprir a nossa missão”, relatou Roma.

Assim, o ministro coloca como objetivo diminuir o máximo possível de todos os brasileiros que ainda esperam para receber o benefício.

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O Ministério Público Federal (MPF) determinou que o Governo Federal repasse informações atualizadas sobre a real situação das famílias que se encontram na fila de espera do Bolsa Família. Nesse sentido, o órgão deu o prazo máximo de 10 dias a gestão para o fornecimento de todas as informações. 

O subprocurador-geral Carlos Vilhena, pertencente a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), atendeu a solicitação da bancada do Psol na Câmara dos Deputados. Na ocasião, então, indicou falta de transparência governamental sobre o assunto. 

Ademais, o Ministério da Cidadania também declarou que irá apresentar informações do número real de pessoas que se encontram na fila de espera do benefício. Além disso, o órgão indicará as medidas para solucionar o problema. 

No ofício para o MPF, portanto, o partido político solicitou que se instaure uma investigação em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU). 

Assim, o subprocurador-geral declarou que, no momento, uma investigação ainda não é necessária, no entanto, o mesmo solicitou dados para que um grupo do Ministério Público Federal possa analisar o caso. 

“Os problemas na fila de espera para a concessão do Bolsa Família têm sido recorrentes nos últimos anos. Esse cenário fica ainda mais grave quando inserido no atual quadro de desigualdades acentuadas pela pandemia”, declarou o mesmo. 

De acordo com Vilhena, o avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil fez com que a desigualdade se agravasse muito mais no país, o que fez com que a criação de programas assistenciais fosse necessária. 

O documento do Psol se encaminhou à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), órgão responsável pelo Bolsa Família, ou seja, o Auxílio Brasil.

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