BC: consumo de bens e serviços na pandemia
Conforme informações do BC, a dinâmica da pandemia de Covid?19 e das reações dos agentes públicos e privados definiram diferentes fases do consumo das famílias.
Sendo assim, em um primeiro momento, a participação do consumo de bens cresceu; posteriormente, iniciou-se um processo de normalização do consumo de serviços, ainda em curso, aponta o Relatório de Inflação de setembro de 2021, disponibilizado pelo Banco Central.
O BC ressalta que avaliar em que grau a participação dos serviços na cesta das famílias já foi normalizada é importante para o cenário prospectivo do segundo semestre. Sendo assim, tanto para o consumo quanto para a economia como um todo.
Indicador baseado no consumo
Para essa avaliação construiu?se um indicador evoluindo o valor consumido pelas famílias de diferentes produtos em 2018. Conforme dado disponível na Tabela de Recursos e Usos (TRU). Bem como, com os dados mensais desagregados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) e da Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS).
O Banco Central afirma que essa abordagem permite avaliar a evolução de produtos que representavam 62% do consumo das famílias naquele ano. Sendo assim, a vantagem desse indicador relativamente à análise direta da PMC e PMS é a indicação da importância relativa de cada segmento para a evolução do consumo agregado.
A contribuição dos diferentes grupos de produtos para a evolução da parcela do consumo
O relatório apresenta a contribuição dos diferentes grupos de produtos para a evolução da parcela do consumo das famílias coberta pelo indicador deste exercício, relativamente a fevereiro de 2020. Sendo o mês imediatamente anterior aos primeiros efeitos da pandemia.
Assim sendo, o Abril de 2020 foi o vale do período. Período no qual os níveis do consumo de todos os grupos de produtos encontravam-se em patamares bastante deprimidos. Destacam-se as contribuições de vestuário e serviços às famílias, que inclui serviços como restaurantes, hotéis e cabeleireiros, diretamente afetados pelo distanciamento social.
Ademais, o relatório aponta que na fase de recuperação posterior, até outubro de 2020, o consumo das famílias recuperou?se de maneira rápida, influenciado por um lado pelo consumo de não duráveis e móveis e eletrodomésticos, impulsionados pelos programas de auxílio do governo e pela impossibilidade de consumir tantos serviços quanto se consumia anteriormente, e por outro por um crescimento no consumo de serviços, embora ainda em patamares deprimidos.
Desaceleração da recuperação
Após outubro, o ritmo de recuperação do consumo desacelerou. Isso ocorreu com a perda do impulso ao consumo de bens e a estagnação no processo de normalização do consumo de serviços às famílias. Assim, prejudicado adicionalmente pelo recrudescimento da pandemia no Brasil no início de 2021.
Assim sendo, em julho, o indicador do consumo das famílias encontrava?se no mesmo nível do patamar pré?pandemia, ainda com importante contribuição negativa dos serviços às famílias (?2,8 p.p.). Por outro lado, no sentido contrário, destacavam-se as contribuições positivas de bens não duráveis (1,5 p.p.) e têxteis e outros (0,5 p.p.).
O desemprego neutraliza o impulso de consumo e piora o desempenho da indústria
Prospectivamente, a continuidade do processo de normalização dos serviços mais diretamente afetados pela pandemia pode representar um impulso importante para o consumo das famílias no segundo semestre. Caso metade da diferença em relação a fevereiro de 2020 fosse recuperada até o final do ano. Isso representaria um impulso de aproximadamente 0,7 p.p. para o crescimento do consumo total das famílias em cada trimestre.
Contudo, parte da renda necessária para esse aumento do consumo de serviços pode vir da diminuição do consumo de bens. No entanto, em cenário de desemprego ainda elevado. Assim, neutralizando parte do impulso e contribuindo negativamente para o desempenho da indústria de transformação no período, informa o Banco Central do Brasil.