2 em cada 3 pais brasileiros não sabem explicar aos filhos o que são ameaças online

Para ajudar, especialistas indicam usar filmes infanto-juvenis para criar conversas simples e facilitar o entendimento das crianças sobre cibersegurança e privacidade

Uma pesquisa da Kaspersky mostrou que 60% dos pais têm dificuldades em explicar ameaças online de forma que seus filhos possam entender. No Brasil, essa relação é ainda maior: dois terços não sabem explicar o que são ameaças online.

De acordo com a pesquisa, as maneiras mais eficazes para superar essa barreira e se comunicar com as crianças são usar exemplos específicos dos riscos e suas consequências, além de fazer metáforas ou comparações com a vida cotidiana das crianças para ilustrar os riscos.

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A última dica é boa, mas não ajuda muito quando os pais não são da área de segurança, tecnologia ou não bons contadores de histórias para criar as analogias. Para auxiliar na construção destas conversas, os especialistas da Kaspersky indicam utilizar um filme para explicar sobre cibersegurança. 

Uma indicação para usar essa estratégia é o filme Ron Bugado, da 20th Century Studios, que aborda a amizade entre o menino Barney e robô (B-bot) chamado Ron. Além de ser uma opção de entretenimento para toda a família, há diversas cenas que ensinam sobre questões importantes relacionadas à segurança e privacidade online, como: 

Relação entre pais e filhos 

O filme mostra o quanto o pai de Barney ama seu filho, mas não entende seus interesses e hobbies, dificultando a construção de uma relação próxima de confiança. O principal motivo dessa dificuldade está no fato do pai não se envolver nos temas de interesse e hobbies do Barney, fato que vai sendo desenvolvido ao longa da trama. 

Por isso, aprender sobre os hábitos e interesses dos filhos ajuda a entender como elas pensam e criar oportunidades para conversar e explicar sobre temas complexos de forma mais simples, como as ameaças online. Além do mais, também vai ajudar a construir relacionamentos fortes e de confiança. 

Problemas online podem ter consequências offline 

Antes de permitir o uso das novas tecnologias (gadgets, redes sociais ou robôs, como no caso do desenho animado), os pais deveriam conhecê-las primeiro e utilizá-las para entender melhor como funcionam, identificando possíveis riscos para explicar sobre eles às crianças. Essa boa prática, além de reforçar o ponto anterior, também ajudará na educação digital infantil e na segurança online dos menores.

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Um ótimo exemplo no filme ocorre quando as crianças “hackeiam” os robôs e todas as funções são autorizadas, gerando uma bagunça durante o recreio. A cena apresenta ganchos que podem ser usados para falar sobre conteúdos inapropriados e compras online. Mas o tema mais importante para conversar com os filhos é o impacto negativo que a exposição online errada teve na vida de duas crianças. 

O bullying é um problema real 

Desde antes da era das redes sociais, o bullying é um problema comum e deve ser resolvido em colaboração com amigos e pais. No filme, é apresentado os dois extremos: o protagonista sofrendo bullying e o cancelamento da criança que costuma fazer bullying quando uma ação dela sai do controle. 

Em muitos casos, o bullying está ligado com a falta de autoestima ou problemas familiares. Para combatê-lo, é preciso o envolvimento das pessoas próximas – tanto da vítima quanto do agressor – como pais, parentes e amigos. Também é importante a linha de apoio com os colaboradores da escola e psicólogos. 

Quanto às medidas imediatas, é recomendável bloquear o valentão nas redes sociais e os apps de mensagem, para minimizar as interações com a vítima. Antes de fazê-lo, é importante documentar as agressões online enviando cópias das conversas ou fazendo capturas de tela, caso seja necessário no futuro. 

Compartilhamento excessivo de dados 

Uma cena excelente para conversar sobre privacidade digital ocorre quando Barney e seu robô fogem para a floresta da cidade, e a empresa Bubble usa os B-Bots para rastrear o paradeiro deles. Este exemplo ilustra como as atividades online deixam pegadas digitais como lugares favoritos, melhores amigos, temas de interesse, entre outros. Esta é uma boa comparação para avaliar quais dados são seguros para compartilhar e quais informações devem se manter em segredo e seguras com a família.

Uma das questões mais importantes sobre esse tema é que os dados compartilhados pela internet podem ser usados por terceiros (agências de publicidade, serviços de inteligência ou criminosos de todos os tipos quando há vazamentos) e o indivíduo deixa de ter controle sobre suas próprias informações. 

E quais dados pessoais devem ser privados? Endereços de casa ou da escola, por exemplo, até números de celular, a localização atual (reconhecida pelo check-in) e detalhes da vida cotidiana (passagens de férias ou ingresso de shows). É impossível dizer exatamente quais informações os criminosos poderão usar e, por isso, é mais seguro manter em sigilo todos os dados que possam identificar seus filhos e evitar ameaças online.

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