O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) define a economia criativa como o conjunto de atividades econômicas que dependem do conteúdo simbólico – nele incluído a criatividade como fator mais expressivo para a produção de bens e serviços, guardando estreita relação com aspectos econômicos, culturais e sociais que interagem com a tecnologia e propriedade intelectual.
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em uma explicação mais sucinta, define a economia criativa como o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico.
O ano de 2021 foi decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o “Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável”. De fato, a indústria criativa fomenta a geração de renda, cria empregos e produz receitas de exportação, enquanto promove a diversidade cultural e o desenvolvimento humano.
Crise na economia criativa
Porém, como é sabido por todos, a economia criativa sofreu um duro golpe com a pandemia da Covid-19. O Um estudo feito pelo Itaú Cultural divulgou que metade dos postos de trabalho desta área deixaram de existir com a pandemia. “Essa queda é dramática”, afirma o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, para a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios.
“A economia criativa foi uma das primeiras a parar e será uma das últimas cadeias de produção a voltar completamente, dada a necessidade de suspensão social durante a pandemia. Cinemas, teatros, casas de espetáculos, centros culturais, tudo fechou no primeiro semestre. Toda uma longa cadeia de profissionais se viu sem trabalho de uma hora para outra”- lamenta ele.
O estudo, realizado pelo Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, usa como base os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que foram prejudicadas 691,9 mil pessoas.
A economia criativa é uma poderosa força do empreendedorismo. Antes da chegada da pandemia à nível mundial, era um dos setores da economia que mais cresciam, se forem observados os índices de geração de renda, de criação de empregos e de ganhos com exportação.
O Brasil era visto como um dos grandes produtores mundiais de criatividade. Com a pandemia, toda essa força de renda e progresso foi estagnada. As áreas principalmente prejudicadas foram as que tradicionalmente precisam da presença física de pessoas para acontecerem, como teatros, cinemas e feiras culturais.
Iniciativas para reerguer a economia criativa
Ainda antes da pandemia ter início, o Ministério a Cultura estabeleceu com o Sebrae um acordo de cooperação, cujo objetivo é a realização conjunta de projetos e ações de gestão de conhecimento e formação técnica de profissionais da economia criativa, visando ampliar oportunidades de negócios para os empreendimentos. Isso é feito por meio da elaboração de conteúdos e metodologias, realização de cursos, seminários e publicações.
Por exemplo, a Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo de Santos, em parceria com o Sebrae-SP, está promovendo o Programa Vocacional de Economia Criativa. As aulas acontecem de 10 a 14 de maio, das 18h30 às 20h30.
Outras instituições, reconhecendo e apoiando o trabalho de quem vive da economia criativa, também se movem em ofertar ajuda para a recuperação destes empreendedores. A cidade de Brasília (DF) é conhecida como a capital criativa do design, e vai ganhar políticas públicas de fomento à economia criativa. Em 2017, Brasília passou a integrar o seleto grupo que conta com Detroit (EUA), Berlim (Alemanha), Puebla (México), Xangai (China) e Montreal (Canadá) com o título de integrante da Rede de Cidades Criativas. Este reconhecimento foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Vanessa Mendonça, secretária de Turismo do DF, comemorou dizendo: “O status de capital do design fará com que a nossa cidade se torne mais atrativa na área e também no setor do turismo. E, para isso, vamos fazer com que as ações não só saiam do papel, mas que sejam ampliadas a nível nacional e internacional”.
O Instituto IN-MOD (Instituto Nacional de Moda e Design) teve recentemente 8 encontros de discussões e palestras sobre a evolução econômica da indústria criativa no Brasil. O propósito dos idealizadores é o de apontar caminhos e identificar recursos em função de um futuro hiperconectado, colaborativo, tecnológico e próspero aos negócios. Os vídeos contam com 16 horas de conteúdo voltado principalmente à economia sustentável.
Setor de artesanato se movimenta
Os setores de artesanato espalhados pelo país sofrem também com a queda nas vendas, principalmente para quem direciona boa parte da produção aos turistas. Com as medidas de isolamento social, os artesãos precisaram se reinventar para continuar trabalhando. Conforme pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, publicada no Diário Gaúcho, negócios do artesanato aparecem em segundo lugar em relação a lançamento de novos produtos ou serviços neste período pandêmico. Em primeiro lugar está o setor da alimentação.
No estado da Paraíba, o artesanato é uma das principais expressões culturais e artísticas. No entanto, o digital foi a alternativa encontrada pelos artesãos para manter as vendas neste período de crise nas vendas. Conforme avaliação do diretor técnico do Sebrae Paraíba, Luiz Alberto Amorim, o artesanato paraibano tem se destacado no cenário nacional ao longo dos últimos 20 anos devido, principalmente, à qualidade do que é produzido.
Foi aberta oficialmente, na manhã desta quarta-feira (5), a Feira Internacional de Negócios Criativos e Colaborativos (FINCC) 2021, que tem organização do Sebrae Paraíba, agora, na sua terceira edição digital. A programação da FINCC Digital 2021 segue até o próximo sábado, dia 8, e tem no seu marketplace, mais de 300 lojas virtuais, com expositores de 16 estados e até mesmo de Portugal.
O superintendente do Sebrae Paraíba, Walter Aguiar, destaca a importância do projeto: “Vivemos um momento em que o isolamento é necessário, mas a colaboração é fundamental para conseguir ultrapassar esse período, tendo sido importante, inclusive, para a produção das vacinas. Além disso, embora tenhamos observado o aumento no número de MEIs, 82% destes negócios diminuíram seu faturamento. Então, vivemos um desafio muito grande para este segmento e o Sebrae participa naquilo que lhe cabe. Estamos abertos para colaboração e parceria, ressaltando que a economia criativa é fundamental para desenvolver economias como a do nosso país e estado” – falou ele para o periódico Paraíba Total.