Veto de Lula causa incerteza no mercado e Ibovespa CAI nesta sexta-feira (24/11)

O Ibovespa vem apresentando dados bastante expressivos em novembro, mas o pregão desta sexta-feira (24) ficou marcado pela realização de lucros por parte dos investidores.

Em resumo, o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu na sessão de hoje, mas fechou uma nova semana no campo positivo, expandindo os ganhos em novembro.

Nesta sexta-feira (24) o Ibovespa caiu 0,84%, aos 125.517 pontos. Esse foi o maior recuo registrado em novembro e conseguiu eliminar boa pare dos ganhos acumulados na semana. Contudo, o indicador ainda fechou a semana em alta de 0,60%, mantendo-se próximo do patamar de julho de 2021.

Em novembro, a alta é bem mais expressiva, de 10,94%, graças aos avanços expressivos registrados em boa parte dos pregões. Neste mês, houve apenas cinco sessões no vermelho, mas as quedas foram tão leves que não afetaram os ganhos acumulados.

Por outro lado, o índice avançou em 11 sessões, com altas bastante expressivas, que vêm mantendo os ganhos superiores a 10%, algo que não foi visto em nenhum mês deste ano. Em 2023, o indicador reserva ganhos de 14,38%.

Ibovespa acumula alta expressiva no ano, acima de 14%
Ibovespa acumula alta expressiva no ano, acima de 14%. Imagem: Getty Images.

Lula veta desoneração da folha de pagamento

Nesta sexta-feira (24), o mercado repercutiu a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de vetar a desoneração da folha de pagamento. Em suma, o presidente vetou integralmente o projeto que prorroga a desoneração de 17 setores da economia brasileira.

O texto do projeto possibilita às empresas a substituição da contribuição previdenciária por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento. A saber, a contribuição previdenciária tem uma alíquota de 20% sobre os salários dos empregados. Por sua vez, a receita bruta do empreendimento possui uma alíquota que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e serviço prestado.

Caso o presidente Lula aprovasse o projeto, a regra ficaria em vigor no Brasil até 31 de dezembro de 2027. Aliás, o texto recebeu aprovação de ampla maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e acabou pegando os parlamentares de surpresa. Agora, os líderes partidários se mobilizam para derrubar o veto do presidente.

Toda a questão envolvendo esse assunto preocupou os investidores, que aproveitaram para realizar lucros no Ibovespa. A bolsa brasileira vinha mantendo rali nos últimos dias, registrando avanços consecutivos, e os investidores tomaram a decisão do presidente como um fator para realizar lucros dos ganhos recentes.

O veto à desoneração foi lido como uma grande ação em relação à responsabilidade fiscal, até porque o governo perderia bilhões de reais com essa decisão. O problema é que os parlamentares podem derrubar o veto, e a decisão de Lula pode complicar novas votações no Congresso Nacional para o governo federal.

Governo aumenta projeção de rombo das contas públicas

Na última quarta-feira (22), os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram que a projeção de rombo das contas públicas em 2023 ficou mais elevada. A notícia repercutiu no final do pregão de ontem e continuou no foco dos investidores nesta quinta-feira (23).

Em síntese, as pastas agora acreditam que o déficit primário ficará em R$ 177,4 bilhões neste ano. O último prognóstico indicava um rombo bem menor, de R$ 141,4 bilhões, ou seja, a situação fiscal do Brasil se deteriorou nos últimos meses deste ano.

Vale destacar que a nova previsão se distancia ainda mais da “meta informal” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A saber, ele disse em janeiro que as contas públicas teriam déficit de R$ 100 bilhões em 2023, mas as estimativas superam essa marca há muito tempo, e o rombo ficou ainda maior, conforme as projeções do governo.

Na semana passada, o governo federal revelou que desistiu de alterar a meta fiscal para 2024, mantendo o objetivo de zerar o déficit das contas públicas. A decisão dará maior tempo para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentar conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal. Contudo, o veto de Lula pode complicar esse objetivo.

Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não deverá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.

71 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão

Na sessão de hoje (23), 71 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda, puxando o indicador para baixo. Aliás, o recuo poderia ter sido ainda maior, mas  os poucos avanços impediram um tombo mais expressivo do índice.

No dia, as principais quedas foram registradas pela Magazine Luiza (-8,29%) e pelo grupo Casas Bahia (8,62%). A Black Friday evidenciou a força do mercado eletrônico, com destaque para o Mercado Livre, e as varejistas nacionais acabaram comendo poeira.

A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 13 bilhões na sessão, 40% abaixo da média dos últimos 12 meses (R$ 18,3 bilhões). A baixa liquidez aconteceu devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, que ocorreu na véspera.

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