O volume de vendas no varejo brasileiro cresceu 2,4% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022. O resultado foi bastante positivo, uma vez que o setor vem enfrentando dificuldades para se manter em campo positivo nos últimos meses.
No primeiro trimestre, o varejo teve uma forte alta de 3,8% em janeiro, em relação a dezembro do ano passado. Em resumo, a fraca base comparativa contribuiu para o forte avanço mensal.
Aliás, o volume de vendas encolheu nos últimos meses de 2022, e isso ajudou a impulsionar o resultado de janeiro, que foi o maior avanço para meses de janeiro desde o ano 2000, quando a série histórica teve início..
Já em fevereiro, o varejo brasileiro teve uma leve queda, também por causa da base comparativa. No entanto, nesse caso, a base estava bem forte.
Embora tenha recuado em fevereiro, vale destacar que o resultado se manteve praticamente estável na comparação com janeiro, ou seja, as vendas no varejo continuaram expressivas no país.
A saber, o resultado positivo trimestral ficou mais expressivo graças ao resultado de março. Em suma, o volume de vendas cresceu 0,8% no terceiro mês deste ano, impulsionando a taxa trimestral.
“Esse aumento de 0,8% representa a saída de uma estabilidade em fevereiro para um resultado que podemos considerar como crescimento. Além disso, ao observarmos os últimos três meses juntos, vemos ganho de patamar de 4,5% em relação a dezembro do ano passado, último mês de queda“, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Já na comparação com março de 2022, o crescimento foi de 3,2%, oitavo resultado positivo consecutivo. Isso mostra que as vendas no varejo estão mais fortes nos últimos meses, tanto em relação ao mesmo período do ano passado quanto na comparação com o final de 2022.
Varejo cresce, mas alta não fica disseminada
Ao considerar apenas a base mensal, o volume de vendas cresceu em março, apesar da disseminação de queda no país. Em síntese, apenas três das oito atividades pesquisadas fecharam o mês em alta.
Confira abaixo as variações registradas em relação a fevereiro:
- Equipamentos e material material para escritório, informática e comunicação: 7,7%
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,7%;
- Móveis e eletrodomésticos: 0,3%;
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,0%;
- Combustíveis e lubrificantes: -0,1%;
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -0,6%;
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,2%;
- Tecidos, vestuários e calçados: -4,5%.
Em março, metade das atividades pesquisadas registrou queda no volume de vendas. O varejo brasileiro cresceu em outras três atividades, enquanto a atividade de maior impacto no varejo se manteve estável em relação a fevereiro.
“Foi um resultado bastante equilibrado na análise dos setores. Algumas atividades apresentaram resultado bem próximos da estabilidade, como foi o caso de hiper e supermercados, atividade de maior influência“, explicou o gerente da pesquisa.
“Já o resultado positivo para o mês pode ser explicado também pelo fato de o setor com o segundo maior peso, de artigos farmacêuticos e perfumaria, ter subido 0,7%“, acrescentou Cristiano Santos.
Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Resultados negativos em março
Em março, a maior queda nas vendas foi registrada pelo grupamento de vestuário, tecidos e calçados (-4,5%). Já na comparação com o mesmo mês de 2022, o tombo foi ainda maior, de 7,3%.
Em síntese, a queda na base anual foi a segunda consecutiva. Nos últimos nove meses até março, o setor registrou oito quedas anuais. A única exceção foi janeiro, quando as vendas cresceram 2,3% em relação ao mesmo mês de 2022.
Com isso, o grupamento de vestuário, tecidos e calçados acumulou perda de 4,7% no primeiro trimestre deste ano. Já nos últimos 12 meses até março, a perda chegou a 5,2%.
Também vale destacar as fortes perdas registradas por outros artigos, setor que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos etc. O setor teve a segunda maior queda em março, e as taxa também foram negativas nas demais bases comparativas.
Em relação a março de 2022, o setor registrou uma queda de 12,9% no volume de vendas. Já no primeiro trimestre deste ano, a queda acumulada chegou a 10,6%, levemente acima do resultado acumulado nos últimos 12 meses (-10,9%).
As outras duas atividades que tiveram taxas negativas em março foram a de livros e papelaria e a de combustíveis e lubrificantes. Contudo, estes setores vêm registrando forte crescimento nas demais bases comparativas.
No primeiro trimestre de 2022, a atividade de livros e papelaria acumula alta de 0,7%, enquanto a de combustíveis está 20% maior que o mesmo período do ano passado.
Da mesma forma, no acumulado dos últimos 12 meses, as taxas cresceram 7,0% e 21,0%, respectivamente. Entretanto, na comparação com março de 2022, as vendas no setor de livros e papelarias encolheram 8,0%, enquanto as de combustíveis cresceram 14,3%.
Vendas encolhem em 23 UFs em março
O IBGE informou que as vendas no varejo brasileiro cresceram em 23 das 27 unidades federativas (UFs) em fevereiro. Em resumo, esse avanço disseminado explica o avanço da taxa nacional no terceiro mês de 2023.
Segundo o levantamento, as únicas UFs que tiveram taxas negativas em março foram:
- Rio de Janeiro: -2,0%;
- Distrito Federal: -1,4%;
- Tocantins: -1,1%;
- Maranhão: -1,0%.
Entre os muitos avanços, as UFs que tiveram as maiores altas do mês foram observadas em:
- Espírito Santo: 5,7%;
- Paraíba: 5,4%;
- Alagoas: 4,8%.
Por fim, o IBGE explicou que “a PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista”.