Vendas no varejo brasileiro caem 1,0% em maio, revela IBGE

O volume de vendas no varejo brasileiro caiu 1,0% em maio, em comparação com o mês anterior. O resultado foi ruim e refletiu as dificuldades que o setor vem enfrentando para se manter em campo positivo nos últimos meses.

Vale destacar que esse foi o primeiro resultado negativo mensal registrado pelo comércio varejista do país. Embora os resultados anteriores tenham sido positivos, as altas foram bem leves, ou seja, não influenciaram de maneira significativa o setor brasileiro.

Na comparação com maio de 2022, o volume de vendas também caiu 1,0%, após nove taxas positivas consecutivas. Isso mostra que o resultado de maio foi intenso o bastante para interromper uma sequências de nove meses de avanço das vendas do varejo brasileiro.

A propósito. os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.

Vendas de quatro atividades caem no mês

O IBGE revelou que, na comparação com abril, o volume de vendas caiu em quatro das oito atividades pesquisadas. Em contrapartida, os resultados das quatro atividades restantes ficaram positivos. Isso mostra que houve um equilíbrio entre as taxas, apesar de o resultado nacional ter ficado negativo.

Confira abaixo as variações registradas em maio:

  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 2,3%;
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 1,7%;
  • Combustíveis e lubrificantes: 1,4%;
  • Equipamentos e material material para escritório, informática e comunicação: 1,1%;
  • Móveis e eletrodomésticos: -0,7%;
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -2,3%;
  • Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -3,2%;
  • Tecidos, vestuários e calçados: -3,3%.

Veja mais detalhes dos resultados de maio

Em maio, a atividade de hiper e supermercados teve o segundo maior recuo, exercendo a maior influência na taxa nacional. “Este é um setor que representa mais de 50% da fatia de todas as informações coletadas pela PMC“, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

Cabe salientar que essa queda sucedeu um avanço firme de mais de 3,0% registrado em abril, mês em que os consumidores do país concentraram as compras em hiper e supermercados. Já em maio, houve “uma espécie de rebote, onde a escolha do consumidor pareceu ser de consumir menos nessa área e consumir mais em outras atividades“, avaliou o pesquisador.

De acordo com Cristiano Santos, as outras três atividades que registraram queda em maio foram impactadas pela redução de lojas físicas de grandes cadeias. Em suma, o pesquisador salientou que nem mesmo o Dia das Mães conseguiu aquecer o comércio brasileiro em maio.

Por outro lado, o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria conseguiu se beneficiar com a data comemorativa, registrando o maior avanço mensal. “Embora venham de sucessivos crescimentos, as vendas nessa atividade aceleraram no mês, provavelmente impactadas pelo dia das mães“, disse o gerente da pesquisa.

Vendas no varejo brasileiro passaram a acumular um crescimento de 1,3% em 2023
Vendas no varejo brasileiro passaram a acumular um crescimento de 1,3% em 2023. (Imagem: Pixabay).

Atividades caem em relação a maio de 2022

A saber, as vendas na atividade de vestuário e calçados despencaram 18,2% em relação a maio do ano passado, maior recuo entre os grupos pesquisados. A queda foi a quarta consecutiva e o setor passou a acumular uma forte retração de 9,7% entre janeiro e maio deste ano. Já nos últimos 12 meses, a queda ficou ainda mais intensa, passando de 7,9%, até abril, para 10,3%, até maio.

Além disso, o grupo de outros artigos de uso pessoal e doméstico teve uma queda significativa de 17,4% na base anual. Em síntese, a atividade engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos etc.

O resultado negativo foi o 13º resultado consecutivo para o indicador interanual, ou seja, as vendas dessa atividade vêm caindo desde abril de 2022, na base anual. Aliás, no acumulado entre janeiro e maio deste ano, o grupo registra queda de 13,5% das vendas, taxa semelhante a dos últimos 12 meses até maio (-13,1%).

Da mesma forma, as vendas de outras duas atividades também caíram em relação a maio de 2022: de livros, jornais, revistas e papelarias (-6,7%) e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%).

Volume de vendas cresce em quatro atividades

As outras quatro atividades restantes registraram crescimento das vendas no país. O destaque ficou com combustíveis e lubrificantes (10,8%), cujas vendas cresceram pelo 16º mês consecutivo. Entre janeiro e maio de 2023, o grupo acumulou ganho de 15,5%, enquanto a taxa dos últimos 12 meses foi de 21,0%.

O grupamento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria seguiu a mesma trajetória. Em resumo, a atividade cresceu 7,6% em relação a maio de 2022, terceiro resultado positivo consecutivo. No acumulado de 2023, a taxa foi bem mais tímida (1,9%). Já em 12 meses, as vendas da atividade cresceram 3,9%.

O setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que exerce o maior impacto no varejo brasileiro, teve um crescimento de 1,5% nas vendas, ante maio de 2022. Os resultados também ficaram positivos no acumulado de 2023 (2,5%) e dos últimos 12 meses (2,1%).

Por fim, a atividade de móveis e eletrodomésticos teve um avanço de apenas 0,3% em relação a maio de 2023. No acumulado entre janeiro e maio deste ano, as vendas do grupo cresceram 0,7%. Em contrapartida, o resultado dos últimos 12 meses até maio foi negativo (-3,3%). Aliás, esse foi o 20º mês consecutivo de queda das vendas na base anual.

Vendas caem em 23 UFs em maio

O IBGE informou que as vendas no varejo brasileiro caíram em 23 das 27 unidades federativas (UFs) em maio. Em suma, a queda ficou bastante disseminada, fortalecendo a queda da taxa nacional no quinto mês de 2023.

Segundo o levantamento, as UFs que tiveram as quedas mais intensas no mês foram:

  • Alagoas: -5,9%;
  • Rondônia: 5,3%;
  • Paraíba: 4,6%.

Por outro lado, as únicas UFs que apresentaram taxas positivas foram:

  • Tocantins: 1,8%;
  • Maranhão: 0,4%;
  • Minas Gerais: 0,4%.

Por fim, o IBGE explicou que:

“a PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista”.

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