Streaming é o caminho para o conteúdo de TV, dizem especialistas

Em evento para provedores de Internet, executivos do ramo de conteúdo para TV apontam que o streaming deve ser o futuro

“O streaming será a nova estrada do conteúdo, incluindo o conteúdo de TV”. A frase foi dita por André Romanon, country manager da Roku, plataforma de streaming, em painel realizado no 13° Encontro Nacional Abrint, um evento do mercado de provedores de Internet realizado na última semana em São Paulo (SP).

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Flávia Guerra, diretora executiva da DirecTV Go e que também participou do painel, contou que os dados da sua empresa mostram que o consumo de vídeo online teve 83% de crescimento nos últimos três anos. Mas a empresa ainda verifica que, na população brasileira, 78% do consumo ainda é TV linear, ou seja, ainda há espaço para crescer. 

A executiva concorda que é o consumidor que vai decidir o formato, neste sentido, a DirecTV Go “Pretende unir ainda mais os serviços de streaming e trazer para os clientes um portfólio diverso, customizável e adaptável à realidade do mercado brasileiro. Temos muitos parceiros de streaming e oferecemos TV e streaming tudo num app somente”, afirma Flávia. 

A CEO da TV Alphaville, Maria Cristina Mizumoto, disse que acredita sim que o streaming será o caminho, por um motivo muito simples. “Os engenheiros aqui podem confirmar, mas tecnicamente, é mais barato fazer a transmissão de conteúdo por streaming. Pelo SEAC, temos regras que exigem a garantia de segurança e outros pontos que tornam o custo muito maior”, explicou Maria Cristina Mizumoto. 

Mercado de provedores 

Atualmente, os provedores possuem 47% dos clientes de banda larga do Brasil e ainda há muito espaço para crescer. “O meio de acesso dominante no mercado ainda é o DTH/Parabólica. Temos uma grande oportunidade de converter 9,3 milhões de assinantes através do streaming”, afirmou André Romanon, da Roku. “Não podemos deixar de considerar que a nova geração exige outras opções. Eles assistem mais de um conteúdo ao mesmo tempo, em diferentes devices e temos que estar preparados para atendê-los”, destacou Maria Cristina Mizumoto, da TV Alphaville. 

E mais do que isso, a oportunidade está em atingir locais que hoje só estão sendo cobertos por pirataria. “O mercado de TV Pirata hoje é de 10 bilhões de reais. Os ISPs têm a oportunidade de converter alguns destes bilhões para o seu portfólio”, afirmou Maurício Almeida. 

A solução indicada pelos painelistas são combos que agregam valor. O consumidor não quer mais ter diversos streamings avulsos, por isso o caminho de ter parceiros para explorar o mercado de conteúdo para TV pode fazer toda a diferença para os provedores. 

Oportunidade para provedores 

O conteúdo para TV também é uma forma dos provedores diversificarem suas ofertas. Maurício Almeida, CEO da Watch Brasil, que recentemente se posicionou como Hub de Conteúdo, diz que o conteúdo é muito importante para o upselling e aumentar o ticket médio dessas empresas. Os serviços de streaming seriam um diferencial que permitem ao provedor deixar de ser commodities e parar de competir em preço. 

“Recebi uma oferta de 600 megas ao invés de 300 megas pelo mesmo preço que pago hoje. Isso mudou minha vida, não? Não senti diferença. É neste ponto que estamos hoje. O que realmente impacta o consumidor é o conteúdo relevante e é neste ponto que ser um Hub de Conteúdos faz toda a diferença”, afirma o CEO da Watch Brasil. 

Ele ainda afirmou que é importantíssimo que os ISPs repensem seu posicionamento e passem a ver com outros olhos o mercado. “Hoje tive três conversas com provedores aqui na feira e todos eles me disseram… ‘poxa, mas eu vou ter que desligar minha infraestrutura, eu investi tanto nisso.’ O fato é que 99% dos provedores tem o apego ao ferro, ao hardware. Quando os visitamos, eles gostam de nos mostrar o banco de bateria, o container que compraram de equipamentos, o data center que montaram de 400 m² e os 2 milhões investidos no headend. Mas a real é que o provedor não precisa mais de nada disso. E isso é positivo, o custo é infinitamente menor e a agilidade de produto no time to market incomparável”, contextualizou o CEO da Watch Brasil. 

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