Segundo levantamento, Planos de Saúde lideram reclamações; veja principais queixas

Os planos de saúde têm sido alvo de reclamações constantes nos últimos anos, liderando o ranking de queixas segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Dentre as principais reclamações estão dúvidas sobre contratos, falta de informação e reajustes abusivos. Atualmente, o país conta com cerca de 50 milhões de beneficiários de planos de assistência médica.

Aumentos Abusivos e Dificuldades Financeiras

Uma das queixas recorrentes dos consumidores é o valor dos reajustes dos planos de saúde, que muitas vezes ocorrem de forma repentina e em grande proporção. A comerciante Evani Aparecida da Rocha relata: “Aumenta muito rápido. De repente, dão dois aumentos ao mesmo tempo, tanto pela idade, quanto pelo aumento anual”. A analista de sistemas Elisabete Alexandre também destaca o problema do preço: “Mesmo se faz plano individual ou familiar, ou coletivo, o preço é bem salgado. É difícil manter”.

Esses aumentos excessivos têm impacto direto no orçamento familiar, dificultando o acesso a um serviço de saúde de qualidade. Além disso, a falta de transparência na comunicação por parte das operadoras de planos de saúde agrava a situação. Muitas vezes, os consumidores não conseguem obter uma resposta satisfatória ao entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ouvidoria das operadoras. O técnico em segurança do trabalho Mateus Duarte relata: “Mesmo deixando e-mail, eles nunca fazem uma devolutiva que seria importante para a gente entender também quais são os trâmites internos deles. Você liga para o SAC, morre e ninguém sabe o que aconteceu”.

Diante dessas dificuldades, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) orienta os consumidores a procurarem os órgãos de defesa e, em último caso, a Justiça, caso o contato direto não resolva o problema. É importante ressaltar que existem duas leis que se aplicam aos contratos de planos de saúde: a dos planos de saúde, de 1998, e o Código de Defesa do Consumidor.

“O que se espera do mercado em geral é que ele leve em consideração o que determina a lei para resolução dos problemas, e, para os contratos de planos de saúde, existem duas leis que se aplicam: a dos planos de saúde, que é de 98, e o Código de Defesa do Consumidor”, explica Marina Paullelli, advogada do Programa de Saúde do Idec.

Desafios de Regulação e Pagamentos

Não apenas os consumidores enfrentam dificuldades com os planos de saúde, mas também os hospitais privados. Uma pesquisa da Associação Nacional de Hospitais Privados revelou que as operadoras de planos de saúde devem mais de R$ 2,3 bilhões a 48 hospitais associados. Esse valor representa mais de 15% da receita bruta desses estabelecimentos. A associação de hospitais reclama que as operadoras de planos têm aumentado cada vez mais os prazos para pagar os procedimentos realizados.

O setor de planos de saúde é regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estabelece o teto para reajustes anuais. No entanto, esse limite de aumento, que neste ano é de 9,63%, é válido apenas para quem possui plano individual. Beneficiários de planos coletivos estão sujeitos a reajustes que podem chegar a 20% ou até mesmo 30%. Diante desse cenário, é necessária uma regulação mais efetiva também para os planos coletivos.

Em nota, a ANS informou que está estudando mudanças nas regras de reajuste dos planos coletivos, mas não pretende regulá-los da mesma forma que os planos individuais. A agência também monitora a garantia de atendimento aos beneficiários.

Sobre o valor devido aos hospitais, a Associação Brasileira dos Planos de Saúde informou que as operadoras têm realizado análises mais amplas dos serviços já prestados, devido ao grande número de fraudes ocorridas. A associação afirma que, somente este ano, as operadoras já tiveram um prejuízo operacional superior a R$ 4 bilhões, em grande parte devido a essas fraudes. Segundo a entidade, todos os procedimentos realizados estão provisionados e serão pagos.

Os planos de saúde enfrentam diversos desafios no Brasil, desde o aumento abusivo das mensalidades até a falta de transparência na comunicação com os consumidores. Além disso, a regulação do setor e os prazos de pagamento aos hospitais privados são questões que precisam ser aprimoradas.

Para garantir um mercado mais justo e equilibrado, é essencial que as operadoras de planos de saúde cumpram a legislação vigente e ofereçam um atendimento de qualidade aos beneficiários. Da mesma forma, é fundamental que os órgãos reguladores atuem de forma eficiente para garantir a transparência e a sustentabilidade do setor.

A busca por soluções para os problemas enfrentados pelos consumidores e pelos hospitais privados é um desafio constante, e a participação ativa dos consumidores, bem como o fortalecimento dos órgãos de defesa do consumidor, são essenciais para promover melhorias e garantir o acesso à saúde de qualidade para todos.

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