Salário mínimo pode ficar abaixo da inflação pelo 4º ano seguido
Pelo quarto ano seguido o Governo Federal estima um salário mínimo abaixo da inflação cotada para o ano.
O presidente da república, Jair Bolsonaro, sancionou na última terça-feira (9) a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023, que prevê o salário mínimo de R$ 1.294 no próximo ano, de acordo com a publicação do Diário Oficial da União.
No entanto, mesmo com o aumento de R$ 82 em relação ao piso nacional deste ano, caso seja confirmado, será o quarto ano consecutivo que o reajuste do salário mínimo fica abaixo da inflação, ou seja, sem nenhum ganho real.
Todavia, a proposta final do piso nacional para 2023 seguirá para o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), no Congresso Nacional, até o dia 31 de agosto. Até lá, é possível que o valor do salário mínimo seja alterado.
Salário mínimo abaixo da inflação
Também na última terça-feira (9), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a estimativa da inflação dos últimos 12 meses. Segundo o instituto, a taxa pode ficar em 10,07%.
Dessa forma, o valor do salário mínimo para manter o poder de compra do trabalhador em 2023 deveria ser de R$ 1.341,68, um aumento de R$ 129,68 sobre o piso atual.
Vale ressaltar que o último ano em que o reajuste foi acima da inflação foi em 2019, quando o salário mínimo passou de R$ 954 para R$ 998.
Salário mínimo sem ganho real
O Governo Federal indica, com a correção do salário mínimo de acordo com o percentual do INPC, que não vai dar aumento real para os brasileiros. Na verdade, o aumento do salário é apenas uma reposição pela inflação. O que significa dizer que os trabalhadores apenas não perderão o poder de compra.
É como se o aumento do salário servisse apenas para compensar a capacidade de compra que o brasileiro tem. Na prática, o cidadão não vai deixar de conseguir comprar o que já comprava, mas também não vai poder aumentar mais seu poder de compra.
O que elevou a inflação?
Em suma, a inflação cresceu, exclusivamente no mês de junho, em consequência da alta de refeições realizadas fora de casa e devido ao reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) em modalidades individuais de planos de saúde.
Em termos quantitativos, a alimentação fora de casa teve um aumento de 1,26% e os planos de saúde 2,99%. Esses números impactaram o IPCA em junho deste ano com 0,10 ponto porcentual, representando uma alta inesperada.
Contudo, conforme os cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor do salário mínimo deveria ser bem maior, R$ 6.527,67 em junho, para garantir a subsistência de uma família com quatro pessoas.