Retorno às aulas: o embate entre escolas públicas e privadas

"Nós não podemos abrir a escola para o filho do rico e não abrir a escola para o filho do pobre. A gente precisa ter a compreensão para não aumentar ainda mais as desigualdades", afirmou secretário de Educação de SP

O secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, afirmou nesta quinta-feira (25), em entrevista ao Bom Dia SP, que não existe a possibilidade de o governo permitir que a rede privada reabra as escolas antes da rede pública. Ele defendeu que o retorno às aulas presenciais não pode ampliar as desigualdades educacionais.

“Não existe a possibilidade de a gente abrir primeiro para a privada e depois para a pública. Quando for abrir, tem que abrir para todos. Nós já temos desigualdades sociais, dificuldades enormes. Nós não podemos abrir a escola para o filho do rico e não abrir a escola para o filho do pobre. A gente precisa ter a compreensão para não aumentar ainda mais as desigualdades”, afirmou o secretário em entrevista ao Bom Dia SP.

A antecipação da data não é descartada pelo governo, mas só ocorrerá se o estado estiver estável na fase amarela antes de setembro. “Se a gente chegar lá no final de julho em boas condições, podemos até reavaliar”, afirmou o secretário.

Apresentado nesta quarta-feira (24), o plano de reabertura das escolas prevê um retorno geral em três fases, em conjunto para todas as cidades, e considera que na data estimada o estado estará na fase amarela de flexibilização da economia há pelo menos 28 dias.

A proposta ainda estabelece uma série de protocolos de higiene e distanciamento que devem ser cumpridos pelas instituições. “Somente se algum lugar recuar é que a gente vai atuar regionalizado”, afirmo o secretário.

Depois de anunciar o plano de retomada das aulas, escolares particulares do estado criticaram a proposta e cobram a antecipação da reabertura.

No mês de junho, o Portal Notícias Concursos publicou uma matéria na qual as unidades privadas já cobravam o retorno às aulas presenciais antes das públicas, alegando que elas possuem mais recursos e estrutura para adotar protocolos de higiene e saúde.

Especialistas em educação ouvidos pela reportagem alertam que a retomada das aulas presenciais nas escolas particulares pode agravar as desigualdades educacionais. “É uma proposta em reação à liberação econômica e não à garantia de segurança e ensino das crianças. Se as autoridades de saúde defendem que ainda não é possível voltar às aulas, isso deve valer para todos”, apontou Maria Carmem Barbosa, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.