A inflação oficial do Brasil cresce de forma cada vez mais intensa nos últimos 5 anos, impactando cada vez mais no valor do real e seu poder de compra. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrado no país em 2028, foi de 3,75%. Taxa essa que saltou para 10,06% em 2021. Já nos 12 meses até março deste ano, chegou a 11,30%, indicando mais um ano de preços em disparada.
Com isso, devido a tanta inflação, de março de 2017 a março de 2022 o real chegou a perder 31,32% de seu valor e poder de compra. Ou seja, com o mesmo valor agora é possível comprar apenas dois terços do que se comprava naquele ano.
O aumento do real esta presente diariamente na vida dos brasileiros, que encontram preços mais altos para os mesmos produtos e serviços. Além disso, a inflação afeta os orçamentos das famílias de maneira diferente de acordo com a faixa de renda.
Para as famílias mais pobres, o aumento do preço do real e o preços dos alimentos em conjunto com os custos com gás de cozinha consome boa parte da renda no início deste ano. De acordo com o levantamento, em pelo menos 11 capitais, apenas os itens da cesta básica já equivalem a mais de 50% do salário mínimo em março. Enquanto as famílias de renda alta sentiram muito os reajustes dos preços de transporte, puxados pelo aumento da gasolina.
Percepção dos aumentos
De acordo com o economista Fabio Louzada, analista CNPI e CEO da escola Eu Me Banco, o principal motivo para os brasileiros “sentirem mais” o peso da inflação se dá porque vivemos “o pior cenário em termos de inflação versus reajuste de salários”.
“O brasileiro sente mais a inflação porque está nos produtos e serviços que a população mais consome no dia a dia: gasolina, gás de cozinha, alimentos, energia elétrica e aluguel. Complementando, vem o salário do consumidor que teve poucos reajustes nesse período, principalmente por conta da pandemia”, explica Louzada.
Segundo Louzada, o aumento da inflação é explicado por fatores nacionais e internacionais. “Quanto maior a instabilidade global, mais os investidores tiram dinheiro dos emergentes. A pandemia foi o principal fator nesse período, seguida da guerra na Ucrânia”, diz. Além da crise hídrica e dos fenômenos climáticos de 2021, que prolongaram períodos de secas e cheias, também afetaram a produção de alimentos e energia elétrica, diminuindo a oferta de produtos no mercado.
Além disso, o “aperto monetário” feito pelo Banco Central, com aumento da taxa de juros, não está sendo de fato efetivo para reduzir a inflação, avalia Patrícia Campos, supervisora da área de preços do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Corte de gastos devido o aumento do real
Os juros altos também afetam consideravelmente o poder de compra do brasileiro, que passaram a consumir menos produtos no decorrer do avanço da inflação e do preço do real. Isso é característico em um cenário em que os empréstimos também ficaram mais caros.
Sentindo o poder de compra diminuir devido a desvalorização do real, mais de 60% da população teve que cortar gastos nos últimos seis meses, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no final de abril. Devido a isso, mais de 30% teve que fazer cortes “grandes ou muito grandes” nas despesas.