A produção industrial brasileira encolheu 0,3% em janeiro deste ano, na comparação com dezembro de 2022. O resultado é bastante preocupante pois a indústria do país não conseguiu um crescimento expressivo no ano passado, e iniciou 2023 com mais uma queda.
O recuo da produção industrial não foi apenas mensal. Isso porque, no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro, a taxa caiu 0,2%. Por outro lado, a indústria brasileira subiu 0,3% em relação a janeiro de 2022, na série sem ajuste.
Com o acréscimo do resultado de janeiro, a atividade industrial seguiu abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Em janeiro, a taxa ficou 2,3% abaixo do nível pré-pandemia, ou seja, as perdas nos últimos anos ainda não foram recuperadas.
Além disso, a produção industrial brasileira está 18,8% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
“Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora de comportamento no fim do ano, uma vez que marcou saldo positivo nos últimos meses de 2022, inicia o ano de 2023 com perda na produção, e permanece longe de recuperar as perdas do passado recente”, analisou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Queda da indústria fica menos disseminada
De acordo com a PMI, 11 dos 26 ramos industriais registraram resultados negativos em janeiro. Apesar de a maioria das atividades ter fechado o mês no campo positivo, os setores que tiveram taxas negativas exerceram um impacto um pouco mais forte na atividade industrial brasileira, puxando-a para baixo.
Em janeiro deste ano, os setores que exerceram os maiores impactos na produção industrial brasileira foram:
- Produtos farmoquímicos e farmacêuticos: -13,0%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -6,0%;
- Produtos alimentícios: -2,1%;
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: -1,5%.
Em resumo, o grande destaque foram os produtos farmoquímicos, que apresentaram uma forte queda em janeiro. No entanto, o gerente da pesquisa afirmou que essa volatilidade é uma característica do setor.
“Além de ser uma atividade que mostra oscilações acentuadas de um mês para o outro, há também uma base de comparação elevada, pois o setor vem de uma sequência de 3 meses no campo positivo, com um ganho acumulado de 27,1%”, explicou Macedo.
Atividade industrial recua em oito dos 15 locais
A produção industrial do país encolheu em janeiro devido à queda registrada em oito dos 15 locais pesquisados. Apesar do equilíbrio dos resultados, com praticamente metade dos locais caindo, esses recuos foram intensos o suficiente para puxarem a taxa nacional para baixo.
Confira quais locais tiveram taxas negativas em janeiro:
- Rio Grande do Sul: -3,4%;
- São Paulo: -3,1%;
- Mato Grosso: -2,0%;
- Rio de Janeiro: -1,0%;
- Santa Catarina: -1,0%;
- Pará: -0,4%;
- Paraná: -0,3%;
- Bahia: -0,2%.
O forte recuo no Rio Grande do Sul eliminou os ganhos de 1,9% observados em dezembro de 2022. Já no caso de São Paulo, a queda intensificou a taxa negativa também registrada em dezembro (-0,8%). Por outro lado, o recuo no Mato Grosso interrompeu dois meses de alta, período em que a indústria local cresceu 9,3%.
Do lado dos avanços, as taxas foram as seguintes:
- Espírito Santo: +18,6%;
- Pernambuco: +17,3%;
- Região Nordeste: +6,1%;
- Goiás: +2,5%;
- Amazonas: +2,4%;
- Ceará: +1,5%;
- Minas Gerais: +0,6%.
Em suma, o avanço do Espírito Santo eliminou a perda de 5,2% registrada em dezembro do ano passado. Já no caso de Pernambuco, a forte alta eliminou parte da queda de 26,2% acumulada nos últimos quatro meses de 2022.
Vale destacar que cada região exerce uma determinada influência na taxa nacional. O grande destaque é São Paulo, que responde por cerca de 34% da produção industrial do Brasil. Por isso que o resultado negativo, apesar de pequeno na comparação com as principais variações positivas, impactou mais fortemente a indústria brasileira no geral.
Indústria nacional segue negativa em 12 meses
Com o acréscimo do recuo mensal, a produção industrial continuou acumulando uma queda nos últimos 12 meses, agora de 0,2%. Embora seja uma taxa negativa, o destaque é a sua desaceleração, que vem sendo registrada desde julho de 2022.
Em síntese, sete dos 15 locais apresentaram taxas negativas no período: Espírito Santo (-9,7%), Pará (-7,5%), Paraná (-4,1%), Santa Catarina (-4,1%), Ceará (-2,9%), Pernambuco (-1,6%) e Região Nordeste (-0,5%).
Em contrapartida, os avanços vieram de Mato Grosso (+13,7%), Rio de Janeiro (+4,5%), Amazonas (+5,1%), Bahia (+1,7%), Goiás (+0,4%), Rio Grande do Sul (+0,4%) e São Paulo (+0,5%).
Por fim, a PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970, segundo o IBGE. Em síntese, o levantamento analista o comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.