Projeto de lei restabelece o voto de desempate do governo no Carf

Projeto de lei restabelece o voto de desempate do Governo no Carf

A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que restabelece o voto de desempate do representante da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que representa a instância final de julgamento de questões tributárias no âmbito da administração federal. Agora, o projeto será encaminhado ao Senado para análise.

Projeto de lei restabelece o voto de desempate do governo no Carf

O projeto de lei aprovado pela Câmara é uma versão alternativa proposta pelo relator, Deputado Beto Pereira (PSDB-MS), para o Projeto de Lei 2384/23, originado do Poder Executivo. Nessa versão, o relator incluiu parcialmente um acordo entre o governo federal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) relacionado ao assunto.

O acordo estabelece a redução de multas e juros para o pagamento de dívidas. Contudo, em casos decididos pelo Carf, desde que o desempate seja a favor da União. Em suma, esse acordo foi estabelecido após a OAB entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Medida Provisória 1160/23, que trata do voto de desempate.

Como a MP perdeu a validade antes de ser votada, o acordo buscou encontrar um meio-termo entre as partes.

Impacto financeiro da medida

Segundo informações do Ministério da Fazenda, nos três anos anteriores à implementação da lei que alterou o voto de desempate em favor do contribuinte, a Fazenda Nacional obteve sucesso em processos no Carf. Visto que totalizaram aproximadamente R$ 177 bilhões.

Contudo, caso o voto de desempate volte a ocorrer a favor do governo, estima-se que cerca de R$ 59 bilhões por ano deixarão de ser exigidos administrativamente dos contribuintes.

Parcelamento e formas de pagamento

Após um julgamento definitivo em favor da Fazenda, o contribuinte terá um prazo de até 90 dias para pagar o débito sem a incidência de juros de mora acumulados. Contudo, esse prazo também é válido para os casos em que o desempate a favor do governo tenha sido utilizado.

O saldo do débito poderá ser parcelado em até 12 vezes, com a incidência da Taxa Selic sobre cada parcela. Desse modo, caso o contribuinte deixe de pagar ao menos uma parcela, os juros serão retomados a partir do lançamento do débito.

O projeto aprovado também permite que os contribuintes utilizem créditos obtidos a partir de prejuízo fiscal e de base negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para quitar a dívida. A Receita Federal contará com um prazo de cinco anos para avaliar a utilização desses créditos e poderá negar a sua homologação.

Economia: restituição do voto de qualidade no Carf tem apoio da OCDE
Restituição do voto de qualidade no Carf tem apoio da OCDE. Imagem: Divulgação

Órgãos reguladores e execução de dívida

Em resumo, em caso de uma disputa jurídica entre o Fisco e uma autoridade reguladora devido à exigência de um crédito tributário ou à aplicação de uma penalidade relacionada a operações ou atividades previamente autorizadas, essa controvérsia será encaminhada à Câmara de Mediação e Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF). Nesse caso, a exigibilidade do tributo será suspensa.

Além disso, o texto do relator também introduz mudanças na lei sobre a execução da dívida ativa da União. Agora, o contribuinte poderá oferecer garantia. Desse modo, em qualquer modalidade, apenas do valor principal da dívida. Desde que possa obter um seguro garantia ou fiança bancária de terceiros.

Ressarcimentos

Essa será a garantia do principal e terá os mesmos efeitos da penhora do valor integral da execução. Porém, essa regra não se aplica aos contribuintes. Considerando que nos 12 meses anteriores à citação na execução fiscal, não tiveram uma certidão de regularidade fiscal válida por mais de três meses consecutivos ou não.

Caso a Fazenda Pública seja vencida na discussão judicial de uma dívida ativa, deverá ressarcir o contribuinte. Assim, considerando as despesas com garantias oferecidas e suas respectivas contratação e manutenção. Portanto, é importante acompanhar o processo dentro do trâmite legal.

Leia também: Governo começa a debater Reforma do Imposto de Renda. Entenda impacto

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Obrigado por se cadastrar nas Push Notifications!

Quais os assuntos do seu interesse?