Projeto de barateamento da linha branca perde força no governo

Projeto de barateamento da linha branca perde força no governo

Lula chegou a indicar que poderia bancar um barateamento dos produtos da chamada linha branca, mas projeto esfriou.

Há cerca de duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse publicamente que o Governo Federal começaria  a estudar a possibilidade de aplicar o barateamento da linha branca. Trata-se de um projeto que poderia dar descontos na compra de itens como geladeira, fogão e micro-ondas, por exemplo.

Contudo, alguns dias depois deste anúncio, o assunto esfriou nos corredores do Palácio do Planalto. Na manhã desta segunda-feira (24), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) se encontrou com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para tratar de uma série de temas. O barateamento da linha branca não entrou na pauta do encontro.

Ao menos foi o que disse o Ministro da Fazenda em conversa com jornalistas logo depois do encontro. Questionado sobre o anúncio feito pelo presidente, Haddad desconversou. “Acho que não foi um anúncio. Não conversamos sobre isso“, completou o chefe da pasta econômica. Ele também se encontrou com Lula recentemente e também não falou sobre o tema.

Vitória da ala econômica

Ainda não é possível cravar se o Governo Federal desistiu ou não do projeto de barateamento da linha branca. De todo modo, considerando que o Ministro Haddad se encontrou com Lula e com Alckmin e não foi questionado sobre este assunto, é possível cravar que esta não é uma prioridade do Palácio do Planalto neste momento.

Esta pode ser uma indicação de vitória da ala econômica do Governo Federal, que estava em uma disputa interna pela não liberação do programa.

  • O que queria o Planalto: Lula queria que o orçamento fosse aberto para incluir o barateamento da chamada linha branca ainda este ano;
  • O que queria a Fazenda: A ala econômica do Governo não quer a realização do projeto, por avaliar que as pessoas ainda estão muito endividadas, e que a liberação poderia causar problemas para as contas públicas.

A indicação de Lula

De fato, no evento em que indicou a criação de um estudo sobre a situação, Lula não chegou a prometer que colocaria em prática um projeto de barateamento da linha branca. Mas é fato que ele deu indicações de que o Governo Federal ao menos começaria a estudar o tema.

“Até falei para o Alckmin: ‘Que tal a gente fazer uma aberturazinha para a linha branca outra vez?’. Facilitar a compra de geladeira, de televisão, de máquina de lavar roupa”, disse o presidente.

“As pessoas, de quando em quando, precisam trocar os seus utensílios domésticos. Quando a geladeira velha está batendo, não está gelando a cerveja bem, e está gastando muita energia, você tem que trocar. E, se está caro, vamos baratear, tentar encontrar um jeito”, completou.

Logo depois, Lula se dirigiu para a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, e também mandou um recado ao dizer que área econômica precisa “abrir a mão um pouquinho” para bancar estes projetos.

O que é a linha branca

A linha branca é o nome usado internamente dentro do varejo nacional para identificar determinados tipos de produtos. Em regra geral, são itens comprados para uso essencial dentro de uma casa. Abaixo você pode ver alguns exemplos:

  • geladeira;
  • fogão,
  • micro-ondas;
  • refrigerador;
  • ar-condicionado;
  • forno elétrico;
  • cafeteira;
  • torradeira;
  • aparelho purificador de água;
  • máquina de lavar roupas;
  • secadora de roupas;
  • tanquinho;
  • máquina de lavar louça;
  • adegas/frigobar.
Projeto de barateamento da linha branca perde força no governo
Linha branca conta com diversos itens no varejo. Imagem: Fábio Rodrigues/ Agência Brasil.

Caso o projeto de Lula realmente seja liberado, o Governo Federal poderia bancar um subsídio para baratear estes itens. Esta não seria a primeira vez que o movimento ocorreria. Em 2009, durante o segundo mandato de Lula, o Governo Federal também aplicou este projeto.

  • o imposto sobre geladeiras caiu de 15% para 5%;
  • o imposto sobre fogões caiu de 5% para zero;
  • o imposto para máquinas de lavar roupas caiu de 20% para 10%;
  • e o imposto para tanquinhos caiu de 10% para zero.

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