A produção industrial brasileira encolheu 0,6% em abril de 2023, na comparação com março. Essa é a terceira queda em 2023 e sucede o avanço de 1,0% registrado em março, única taxa positiva deste ano.
Aliás, a indústria brasileira vem enfrentando dificuldades para crescer desde o final do ano passado. Antes do resultado de março, a última vez que o setor industrial havia fechado um mês em alta foi em outubro do ano passado. Já em novembro, houve uma leve queda de 0,1% da produção industrial, enquanto o nível ficou estável em dezembro de 2022.
Esses resultados refletem o momento difícil para a produção industrial nacional no início do governo Lula. Inclusive, com o acréscimo do resultado de abril deste ano, a indústria aumentou a distância para o nível observado em fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Em resumo, a atividade industrial do país está 2,0% abaixo do nível pré-pandemia. Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária na indústria brasileira ainda não foram recuperadas.
Além disso, vale destacar que a indústria brasileira está 18,5% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. O resultado ficou um pouco mais distante após a queda registrada em abril, visto que a diferença era de 17,9% no mês anterior.
Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
Queda da produção industrial fica disseminada
De acordo com a PMI, 16 dos 25 ramos industriais registraram resultados negativos em abril. Da mesma forma, duas das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com março.
“Diferentemente dos últimos três meses do ano passado, quando tivemos um saldo positivo acumulado de 1,5%, no início de 2023 há uma maior presença de resultados negativos. Em abril, observamos uma maior disseminação de quedas na produção industrial, alcançando 16 dos 25 ramos industriais investigados. Esse maior espalhamento de resultados negativos não era visto desde outubro de 2022“, analisou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Em abril, os setores que exerceram os principais impactos negativos na produção industrial brasileira foram:
- Produtos alimentícios: -3,2%;
- Máquinas e equipamentos: -9,9%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -4,6%.
Produção das atividades encolhe em abril
A atividade de produtos alimentícios foi responsável pelo maior impacto negativo na indústria brasileira em abril. Em suma, esta é a quarta queda consecutiva na produção do setor, que acumulou uma forte perda de 7,3% no período.
“Antes dessa sequência de quedas o setor apresentou resultados positivos por três meses seguidos, gerando um ganho acumulado de 20,2%. Portanto, ainda é um saldo positivo“, explicou Macedo.
“Em abril houve grande influência negativa por parte da produção de açúcar. Isso teve relação direta com um maior volume de chuvas, especialmente na segunda quinzena do mês, nas regiões produtoras de cana-de-açúcar da região Centro-Sul do país“, acrescentou o gerente da pesquisa.
Aliás, o resultado só não foi pior graças à retomada do crescimento de carnes de bovinos, que foi bastante impactada pela suspensão das exportações da proteína para a China.
A segunda maior influência negativa veio do setor de máquinas e equipamentos, cuja queda eliminou o crescimento de 6,7% registrado em março. A saber, a queda ficou disseminada nos principais grupamentos do setor, o que explica o tombo de 9,9% em relação a março.
Por sua vez, o terceiro maior impacto negativo veio de veículos automotores, reboques e carrocerias. O resultado sucede dois meses de variação nula. Inclusive, a queda na produção de “automóveis e caminhões, que são os itens de maior peso na atividade”, derrubou a taxa mensal do setor.
O IBGE destacou que as seguintes atividades também contribuíram para a queda da produção industrial em abril: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-9,4%), indústrias extrativas (-1,1%), bebidas (-3,6%), produtos de metal (-3,3%), outros equipamentos de transporte (-5,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,9%).
Indústria brasileira encolhe em um ano
Na comparação com abril de 2022, a indústria brasileira teve retração de 2,7% em sua produção. O tombo ficou mais expressivo devido aos resultados negativos registrados pelas quatro grandes categorias econômicas, bem como por 18 dos 25 ramos, 57 dos 80 grupos e 58,4% dos 789 produtos pesquisados.
Na base anual, os principais impactos negativos vieram de:
- Produtos químicos: -12,2%;
- Veículos automotores, reboques e carrocerias: -9,7%;
- Máquinas e equipamentos: -14,3%;
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos: -15,7%;
- Metalurgia: -15,7%.
Em contrapartida, do lado das altas, as duas atividades que promoveram as principais contribuições positivas foram: de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,2%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (18,1%).