O rendimento dos trabalhadores do país continua crescendo em 2023. De acordo com o levantamento mensal realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o piso salarial médio do país foi de R$ 1.626,52 entre janeiro e setembro, primeiros meses do governo Lula.
Em síntese, o valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese. Entre os quatro setores econômicos pesquisados, apenas um deles teve um resultado superior à média nacional, enquanto os outros três apresentaram números inferiores.
Veja abaixo os pisos salariais de cada um dos setores no acumulado entre janeiro e setembro deste ano:
- Serviços: R$ 1.656,81;
- Indústria: R$ 1.610,19;
- Comércio: R$ 1.581,66;
- Rural: R$ 1.551,85.
Cabe salientar que o setor de serviços é considerado o maior empregador do país. Em suma, os serviços respondem por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, indicador que se refere à soma de todos os produtos e serviços produzidos no país, quantificando a sua atividade econômica.
Reajustes salariais entre os setores econômicos
Embora os serviços tenham apresentado o maior piso médio salarial do país em 2023, foi a indústria que teve a maior proporção de reajustes acima da inflação do país no período, chegando a 83,7% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram apenas 4,3%, enquanto 12,0% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
Com dados bastante semelhantes, os serviços registraram 80,0% dos reajustes acima da inflação entre janeiro e setembro deste ano. Por outro lado, o volume das negociações ficaram abaixo do INPC no período somaram 6,2%, enquanto os 13,8% restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão positivos assim para os trabalhadores do país. Entretanto, os dados do setor ainda foram bons para os empregados.
Em suma, 57,5% dos reajustes do comércio ficaram acima da inflação, o que quer dizer que mais da metade dos trabalhadores do setor de serviços viram o seu poder de compra crescer no acumulado dos nove primeiros meses deste ano. De modo diferente, 4,7% das negociações ficaram abaixo do INPC e representaram perda real para o trabalhador dos serviços.
Já os 37,8% dos acordos e convenções restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor. Contudo, diferentemente dos reajustes abaixo da inflação, estes acordos não reduziram o poder de compra dos trabalhadores.
Inflação elevada reduz poder de compra
Para quem não sabe, a inflação é um dado muito importante para toda a população, mesmo que nem todos saiba disso. Em suma, quando a taxa inflacionária do país está em um nível muito alto, o poder de compra do trabalhador fica reduzido, uma vez que as pessoas terão que gastar mais para comprar produtos ou contratar serviços.
Aliás, quando o INPC está muito elevado, os reajustes tendem a ficar abaixo do indicador, até porque a maioria dos patrões não irá aumentar de maneira expressiva os salários dos empregados, mesmo com a inflação elevada.
Vale destacar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Isso explica a importância desse indicador, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores do país. A propósito, o INPC acumulado em 12 meses até agosto chegou a 4,51%.
Piso médio salarial nas regiões brasileiras
Além disso, o Dieese também revelou o piso médio nacional nas regiões brasileiras. A propósito, todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira entre janeiro e setembro deste ano:
- Sul: R$ 1.698,09;
- Sudeste: R$ 1.657,00;
- Centro-Oeste: R$ 1.540,83;
- Norte: R$ 1.501,17;
- Nordeste: R$ 1.482,22.
Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram muito parecidos entre as regiões brasileiras no acumulado dos nove primeiros meses deste ano. A propósito, o Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (82,1%), seguido por Centro-Oeste (79,0%), Sul (76,8%), Norte (74,3%) e Nordeste (70,8%).
Em contrapartida, o Norte teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no período (10,3%). Na sequência, ficaram Nordeste (9,0%), Sudeste (6,2%), Centro-Oeste (5,4%) e Sul (1,3%), no ranking que listou as regiões com as maiores taxas de acordos e convenções coletivas que reduziram o poder de compra do trabalhador do país.
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (21,9%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Nordeste (20,2%), Centro-Oeste (15,6%), Norte (15,5%) e Sudeste (11,7%).