Os números do desemprego no Brasil chocaram a população no segundo mês do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No trimestre de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023, a quantidade de pessoas sem uma ocupação no país cresceu em relação ao trimestre móvel anterior.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação ficou em 8,6% no período, período marcado por informações do último mês da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e do início do governo Lula.
Em síntese, a taxa de desocupação cresceu 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2022 (8,1%). Por outro lado, a taxa recuou 2,6 p.p. em comparação ao trimestre móvel de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022 (11,2%).
“No trimestre encerrado em fevereiro, esse aumento da desocupação ocorreu após seis trimestres de quedas significativas seguidas, que foram muito influenciadas pela recuperação do trabalho no pós-pandemia”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora da PNAD Contínua.
Vale destacar que a população desocupada totalizou 9,2 milhões de pessoas no trimestre móvel encerrado em fevereiro deste ano. Isso representa crescimento de 5,5% (mais 483 mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior. Em contrapartida, o número ficou 23,2% menor que há um ano (menos 2,8 milhões de pessoas desocupadas).
Apesar da queda na base anual, os números continuam muito elevados entre as grandes economias mundiais. Ainda assim, os dados da população desocupada refletem a melhora na condição do mercado de trabalho do país. Contudo, as dificuldades no país ainda são muito grandes.
População ocupada recua no trimestre
Em suma, a PNAD Contínua revelou que houve mais dados negativos no segundo mês do governo Lula. A saber, a população ocupada somou 98,1 milhões no trimestre móvel de dezembro de 2022 a janeiro de 2022.
Esse número representa uma queda de 1,6% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 1,6 milhão de pessoas). Por outro lado, na comparação com o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2022, houve alta de 3,0% (mais 2,9 milhões de pessoas).
Segundo Adriana Beringuy, a população ocupada tende a encolher nos primeiros meses do ano. “A população ocupada tem um comportamento que é o inverso da trajetória da população desocupada. Nos primeiros meses do ano, há um movimento praticamente conjugado, de retração da população ocupada e a expansão da desocupação”, disse.
“Isso é ligado tanto às dispensas dos trabalhadores temporários que costumam ser contratados no fim do ano quanto à maior pressão do mercado de trabalho após o período de festas”, acrescentou.
A PNAD ainda mostrou que o nível de ocupação ficou estimado em 56,4%, queda de 1,0 p.p. em três meses, mas alta de 1,2 p.p. em um ano. A propósito, nível de ocupação se refere ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar.
População desalentada fica estável
O levantamento do IBGE ainda revelou que a população desalentada no Brasil somou 4 milhões no trimestre móvel encerrado em fevereiro deste ano. Esse número ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior. Já na comparação com o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2022, houve queda de 16,0% (menos 754 mil pessoas).
Em resumo, o IBGE explica que a população desalentada é formada por pessoas que estavam fora da força de trabalho do país devido a alguma das seguintes razões:
- Não conseguia trabalho;
- Não tinha experiência profissional;
- Era muito jovem ou muito idoso;
- Não encontrou trabalho na localidade onde mora;
- Não teria condições de assumir a vaga caso conseguisse o trabalho.
Em outras palavras, os desalentados do país formam a parte da força de trabalho potencial. Isso quer dizer que eles poderiam trabalhar, mas não o fizeram devido a circunstâncias específicas.
Os dados também mostraram que o percentual de desalentados na força de trabalho atingiu 3,6% no trimestre móvel de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023. Na comparação trimestral, o nível ficou estável, mas recuou 0,7 p.p. na base anual.
Entenda a PNAD Contínua
De acordo com o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. Isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em síntese, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país, desemprego, entre outros pontos.
Os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.