O final de semana trouxe uma péssima notícia para os brasileiros. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica ficou mais cara em 14 das 17 capitais pesquisadas em abril de 2023.
Isso quer dizer que boa parte dos consumidores do país que foram aos supermercados no mês passado precisou pagar um pouco mais caro para adquirir itens da cesta básica. Aliás, o resultado é bem diferente do observado nos dois meses anteriores, quando os valores recuaram em 13 capitais.
Confira os locais cujo preço da cesta básica subiu em abril:
- Porto Alegre: 5,02%;
- Florianópolis: 3,65%;
- Goiânia: 3,53%;
- Brasília: 3,43%;
- Fortaleza: 3,38%;
- Campo Grande: 2,58%;
- Belo Horizonte: 2,20%;
- Curitiba: 2,10%;
- Rio de Janeiro: 2,06%;
- São Paulo: 1,59%;
- Aracaju: 1,42%;
- João Pessoa: 1,01%;
- Vitória: 0,68%;
- Recife: 0,61%.
Em contrapartida, os valores da cesta básica caíram em apenas três capitais: Natal (-1,48%), Salvador (-0,91%) e Belém (-0,57%). No entanto, os recuos foram bastante tímidos, indicando que as altas nos preços puderam ser mais visíveis para os consumidores.
Cesta básica mais cara do país
Após o acréscimo das variações de abril, a cesta básica de São Paulo seguiu como a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital paulista tiveram que desembolsar R$ 794,68 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 61% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.302). Em outras palavras, o trabalhador do país que recebia o piso nacional em abril, e morava em São Paulo, gastou bem mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas, visto que sobra pouco do salário para ser utilizado.
Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa, carnês de loja, entre outros gastos comuns entre os brasileiros.
Cabe salientar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou o salário mínimo no país no dia 1º de maio, para R$ 1.320. Nesse caso, o valor da cesta básica de São Paulo correspondeu a 60,2% do piso nacional, ou seja, não houve muita diferença em relação ao salário mínimo anterior, que ainda estava vigente no país em abril.
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em abril de 2023. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de São Paulo.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.676,11 em abril, valor 5,13 vezes maior que o salário mínimo vigente à época. Em abril de 2022, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6.754,33, valor 5,57 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.212).
A pesquisa também mostrou que para um trabalhador atuante em São Paulo conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 134 horas e 17 minutos em abril.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o de São Paulo. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em março foi de 114 horas e 59 minutos.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Descubra qual capital teve a cesta básica mais barata
Ainda considerando o levantamento do Dieese, confira quais foram os locais que apresentaram valores menores que o de São Paulo para a cesta básica em abril:
- São Paulo: R$ 794,68;
- Porto Alegre: R$ 783,55;
- Florianópolis: R$ 769,35;
- Rio Janeiro: R$ 750,77;
- Campo Grande: R$ 737,74;
- Brasília: R$ 717,09;
- Goiânia: R$ 704,94;
- Vitória: R$ 703,90;
- Curitiba: R$ 694,05;
- Fortaleza: R$ 669,79;
- Belo Horizonte: R$ 668,96;
- Belém: R$ 660,77;
- Natal: R$ 605,94;
- Salvador: R$ 585,99;
- João Pessoa: R$ 585,42;
- Recife: R$ 582,26;
- Aracaju: R$ 553,89.
No caso de Aracaju, que teve a cesta básica mais barata do país em abril, assim como vem acontecendo nos últimos meses, o valor dos alimentos básicos comprometeria 42,5% do salário mínimo, taxa bem menor que a de São Paulo, mas ainda bem elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em abril precisou trabalhar 93 horas e 35 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em São Paulo, a pessoa precisou trabalhar mais de 40 horas a mais para comprar os mesmos produtos no mês.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.653,23, valor 30,3% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta de São Paulo.