Nem todo mundo sabe, mas um fenômeno causado no Oceano Pacífico pode fazer com que a sua conta de energia se torne mais cara aqui no Brasil. Estamos falando do El Niño. Trata-se do movimento natural causado pelo aquecimento acima do normal do oceano pacífico equatorial, mais precisamente entre o Peru e a Indonésia.
Mas como um movimento previsto para ocorrer a milhares de quilômetros da sua casa pode fazer com que a sua conta de energia se torne mais cara? Para responder esta pergunta, é necessário entender primeiro o que é o El Niño e como este fenômeno natural impacta no clima do Brasil.
Os efeitos do El Niño
Segundo as informações de analistas, o El Niño causa uma grande alteração na circulação dos ventos na atmosfera. Este efeito vai causar um impacto na distribuição da umidade, fazendo com que haja também um impacto na distribuição das chuvas e no padrão da temperatura de diferentes regiões.
Parte destes efeitos já estão sendo sentidos neste atual inverno. Com a má distribuição da umidade, é natural imaginar que atualmente há mais calor em praticamente todos os estados do Brasil. A tendência, aliás, é de que o movimento tenha um impacto elevado ainda mais com a chegada da primavera e depois do verão.
Segundo analistas do clima, com o aumento do calor em diversos estados, é natural que as pessoas passem a usar mais itens para combater o calor, como chuveiro elétrico e até mesmo o ar-condicionado.
“O aumento do calor por causa do El Niño é uma preocupação. Talvez a conta de luz aumente para muitas pessoas, não por causa da variação da bandeira tarifária, mas por causa do aumento consumo individual, com maior número de horas de ar condicionado e de ventiladores ligados”, alerta Ana Clara Marques, especialista da Climatempo.
Bandeira verde pode equilibrar conta
Se, por um lado, o consumidor precisa se preocupar com o impacto do El Niño na conta de luz, por outro também há motivos para comemorar. No final da última semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou que no mês de julho as contas de luz permanecerão na bandeira verde.
Na prática, isso significa que os consumidores ligados ao Sistema Interligado Nacional (Sin) não terão que pagar nenhum tipo de cobrança extra.
Hoje, há uma avaliação de que existem condições positivas para a manutenção da faixa verde. Este sistema está sendo mantido desde abril de 2022, por causa das condições favoráveis de geração de energia, com os reservatórios das usinas hidrelétricas sendo mantidos em níveis satisfatórios.
Segundo a Agência, o nível de armazenamento atingiu 87% em média no início do período de seco. Ainda segundo a Aneel, com a manutenção da bandeira verde, os cidadãos poderão economizar até 64% nas suas contas de energia.
As bandeiras tarifárias foram criadas ainda em 2015 e indicam o tamanho da cobrança extra que vai ser feita para cada cidadão na conta de energia. Na prática, quanto maior o nível de chuvas, maior é a chance de enchimento dos reservatórios, e maior é a chance de se pagar uma conta de energia mais barata.
Negociação de dívidas
Pessoas que têm dívidas em contas de energia terão uma oportunidade de negociar os seus débitos este ano. Ao menos é o que o Governo Federal está prometendo. A ideia é lançar o programa Desenrola em julho, e liberar o processo de negociação para o grande público apenas a partir do próximo mês de setembro.
No programa Desenrola, o cidadão vai poder negociar dívidas com contas de energia, de água, além de empréstimos como consignados. Usuários que fazem parte do Cadúnico terão prioridade neste processo.