Que o calor provoca suor, aumento da pressão e até mesmo doenças respiratórias, todo mundo já sabe. O que nem todo mundo sabia é que as altas temperaturas também podem ter um impacto nos preços dos ovos. Sim. O valor do produto que é oferecido nos supermercados estão mais baixos por causa da massa de ar quente.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, os preços dos ovos comerciais caíram drasticamente na semana passada na maioria das praças pesquisadas. Quem costuma fazer a feira da casa certamente também percebeu a redução dos valores.
Dados oficiais mostram que na Região Metropolitana de São Paulo (SP), a caixa com 30 dúzias de ovos brancos estava cotada a R$ 141,93 na sexta-feira (22). Já os preços médios para os chamados ovos vermelhos, a cotação era de R$ 158,49.
O que explica a queda?
Segundo especialistas, o ovo é um dos alimentos mais perecíveis do mercado. Assim, eles precisam ser vendidos a preços mais baratos antes que o calor provoque perda na produção.
Com muita oferta, e o tempo quente, é natural que os mercados joguem os preços do ovo para baixo. A ideia é que o calorão faz com que se diminua a vida útil do produto. Ao menos esta é avaliação do Cepea).
Produção do ovo
Agrônomos lembram ainda que o sol forte tem impacto na qualidade dos ovos em todo o Brasil. Quanto mais alta a temperatura, maior a possibilidade de estresse térmico em galinhas. Na prática, elas começam a se alimentar menos, e consequentemente produzem ovos menores.
Quando os galpões não possuem climatização, estas galinhas ficam ainda mais suscetíveis ao processo de aumento de temperatura. A grande maioria dos pequenos e médios produtores, aliás, não contam com este tipo de climatização, que costuma ser um procedimento caro. Todo este movimento faz com que o produto seja vendido a um preço mais baixo para o consumidor final.
Ovo mais barato… temporariamente
Mas se engana quem pensa que esta queda de valor vai perdurar por muito mais tempo. Agora, a expectativa geral é de que com o fim desta onda de calor, a bandeja do ovo volte para a sua média natural para este período do ano. A não ser que a onda de calor se estenda por mais tempo do que o esperado.
Fim do calor provoca preocupação
A massa de ar quente que se instalou sob o território nacional fez termômetros dispararem, sobretudo em cidades das regiões Centro-Oeste e Sudeste. Capitais como Belo Horizonte, em Minas Gerais, registraram recordes históricos de temperatura. Aquele momento preocupou secretarias de saúde, que temiam pelo aumento de hospitalizações decorrentes do calorão.
Agora a preocupação é outra. Para além de deixar de baixar o preço do ovo, o fim do calor provocado pela massa de ar quente também pode provocar um aumento nas internações na rede pública de saúde, justamente porque a expectativa é de que vários estados passem de uma situação de calor extremo para frio extremo.
Para especialistas, esta variação brusca da temperatura tende a deixar o organismo humano mais vulnerável. Em São Paulo, por exemplo, a expectativa é de que a temperatura vai cair 10º C já nesta quinta-feira (27). Autoridades sanitárias afirmam que crianças e idosos devem sentir com mais força os efeitos desta variação.
“Existe uma tendência que nosso sistema imunológico trabalhe com mais dificuldade. O principal sistema que sofre muito, tanto com calor quanto com frio, essa mudança de temperatura muito abrupta é o sistema respiratório”, explicou Leonardo Oliva, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria.