Existe um projeto de criar uma moeda comum para realizar comércio entre os países que fazem parte do Mercosul. Sendo assim, Argentina e Brasil irão retomar os trabalhos conjuntos para tornar isso possível, assim como para a integração regional. No entanto, essa moeda comum não seria única, como acontece com o euro na União Europeia, por exemplo.
O embaixador da Argentina, Daniel Scioli, explicou a situação para os jornalistas, após encontro com o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. De acordo com Scioli, “Trabalharemos sobre a moeda comum, mas isso não significa que cada país terá a mesma moeda. Significa uma unidade para a integração e aumento do intercâmbio comercial no bloco regional”.
Dessa forma, como explicado por Scioli, os países do Mercosul ainda terão suas próprias moedas internas. A nova moeda em que se vem trabalhando seria comum a todos, mas não a única.
Ainda segundo o embaixador, a conversa com Haddad tratou de assuntos como promover mais o intercâmbio comercial entre Brasil e Argentina, assim como a integração energética e financeira. “O Brasil é o parceiro número um da Argentina, e, no contexto de crise da globalização, é importante fortalecer toda a nossa região e a nossa complementação”, afirmou.
Haddad e a moeda comum do Mercosul
Em abril de 2022, Haddad já defendia os trabalhos conjuntos com a Argentina, para criação de uma moeda comum no Mercosul. Na ocasião, Haddad e o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo em defesa da moeda. Essa discussão foi iniciada durante os governos petistas.
No artigo escrito por eles, se defendia a tese de que uma nova moeda digital sul-americana (SUR) poderia ser criada a partir do subsídio da experiência da operacionalização da Unidade Real de Valor (URV), que preparou o terreno para o Plano Real, e isso fortaleceria a região.
“A criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”, escreveram.
Ainda de acordo com o artigo: “É um passo fundamental rumo ao fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente se mostrará decisivo em um novo mundo”.
Encontros entre Argentina e Brasil
Scioli, embaixador da Argentina, após ter se reunido com Haddad nesta quarta-feira (4), ainda se reúne com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no mesmo dia. Eles irão tratar de assuntos como a moeda do Mercosul e a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Buenos Aires, em 23 de janeiro.
O novo presidente brasileiro irá participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A viagem de Lula foi confirmada nesta terça-feira (3), durante encontro com o presidente argentino, Alberto Fernández.
O encontro de Haddad com Scioli, para tratar da moeda em comum, ocorreu hoje de manhã, no Bloco P da Esplanada dos Ministérios. Além deles, outros participaram do encontro, como: o secretário-executivo, Gabriel Galípolo; a procuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize de Almeida; o secretário especial da Receita Federal do Brasil, Robinson Barreirinhas; e o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, entre outros.