Mulheres negras são as mais prejudicadas no mercado de trabalho

Mulheres negras são as mais prejudicadas no mercado de trabalho

De acordo com um levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as mulheres negras são as mais prejudicadas no mercado de trabalho. A desigualdade reflete tanto na taxa de desemprego quanto na média de rendimento. 

O estudo indicou que as mulheres negras possuem maior participação em empregos sem carteira assinada, ou seja, sem acesso a direitos trabalhistas. Apesar da economia demonstrar crescimento nos últimos meses, essa parcela da população ainda permanece em situação de desigualdade, enfrentando o desemprego e salários menores.

“Esse movimento, apesar de positivo para o conjunto de trabalhadores, não se traduziu em trabalho formal, elevação de rendimentos e igualdade de oportunidades. Ao contrário, houve elevação da informalidade, da subocupação e queda dos rendimentos, efeitos sentidos mais intensamente pelo homem e pela mulher negra”, disse o Dieese. 

Taxas de desemprego e rendimento médio no Brasil

O levantamento divulgado pelo Dieese foi elaborado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

De acordo com o estudo, a taxa de desemprego geral ficou em 9,3% no segundo trimestre de 2022, no entanto, entre as mulheres negras o indicador sobe para 13,9%. Já entre as mulheres brancas a porcentagem de desemprego ficou em 8,9%. Ao comparar os mesmos períodos entre os anos de 2019 a 2022, as mulheres negras enfrentam a maior taxa de desocupação neste ano. 

O levantamento feito pelo Dieese também constatou que o rendimento médio mensal é menor entre as mulheres negras. No segundo trimestre deste ano, a média mensal entre mulheres brancas era de R$ 2.774, enquanto as trabalhadoras negras recebiam, em média, R$ 1.715.

“As mulheres negras que, em geral, recebem os menores rendimentos, foram as mais penalizadas e ficaram sem renda durante o período mais intenso de isolamento social”, afirmou a entidade. 

Ocupação em trabalhos informais

Segundo o Dieese, o índice de ocupação em trabalhos desprotegidos entre a população negra era de 47,1%, no entanto, a porcentagem entre as mulheres chegava a 47,5%. Já entre as mulheres brancas o índice era de 34,9%. É considerado um trabalho desprotegido aqueles que não possuem carteira assinada, inclusive autônomos que não contribuem com a Previdência Social.

Vale informar que entre as mulheres negras ocupadas no período analisado, 12,6% eram trabalhadoras domésticas sem carteira assinada. Esse número é bastante expressivo, já que representa quase o dobro das mulheres brancas na mesma situação (6,4%). De acordo com o Dieese, até mesmo no setor público as mulheres negras são as que mais atuam sem carteira de trabalho assinada.

O mercado de trabalho brasileiro

De acordo com o Dieese, quase 10 milhões de brasileiros encontram-se desempregados no país. Parte dessa população consegue sustentar a família com empregos informais, ou seja, sem carteira assinada e direitos trabalhistas. Apesar disso, o rendimento médio mensal quase não evolui e os salários não indicam crescimento real.

A entidade ainda afirma que um trabalho desprotegido não garante segurança às famílias, tornando a vida da população mais difícil. Para o Dieese, a insegurança que rodeia os trabalhos informais faz com que os cidadãos não consigam planejar adequadamente sua vida financeira.

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