De acordo com o levantamento realizado pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), em parceria com o ICS (Instituto Clima e Sociedade), 46% da população brasileira consome mais da metade de sua renda só em contas de luz e gás de cozinha.
O aumento do preço da energia elétrica aumentou muito devido à crise hídrica que o país atravessou no ano passado. Isso fez com que 46% dos entrevistados pela pesquisa respondessem que as despesas com contas de luz comprometem mais da metade da renda familiar mensal.
O levantamento ouviu um pouco mais de 2 mil brasileiros que residem em diversas regiões espalhadas pelo país. Amanda Ohara, coordenadora da iniciativa e energia do ICS, ainda ressalta que 10% destes ainda afirmaram que utilizam cem por cento de seus ganhos mensais para pagar as contas de luz e gás.
“É um número que assusta bastante”, afirma a coordenadora. Segundo ela ainda, “ as regiões mais vulneráveis historicamente tendem a ser as mais impactadas”. Como é o que acontece com o Nordeste e Norte.
A pesquisa também coletou as informações sobre qual a expectativa dos entrevistados para a situação do preço das contas básicas, e não se observa um otimismo. Para se ter uma ideia, 76% acreditam que a conta de luz vai aumentar neste ano, enquanto 51% acham que ela vai “aumentar muito.”
Isso acaba obrigando os consumidores a optarem por outras alternativas, como medidas de redução de gastos com energia elétrica. O levantamento também aponta que 49% passaram a desligar lâmpadas e tomar banhos mais curtos e 23% passaram a evitar o consumo de muita energia nos horários de pico.
Mas outros tipos de despesas também estão tendo que ser reduzidas. “Outra coisa que capturamos foi que esse aumento da conta de luz está impactando o dia a dia de 90% das famílias, enquanto 40% já deixaram de comprar roupas, sapatos, eletrodomésticos para arcar com a energia e 22% deixaram de comprar alimentos básicos”, disse a coordenadora do ICS.
Em relação a alta assustadora do preço do botijão de gás, Amanda afirma que houve um retrocesso no cotidiano dos brasileiros. “Brasileiros estão dando passos para trás. Neste último ano, 10% passaram a usar lenha e 6% carvão. São 33 milhões de pessoas que usam uma fonte de energia menos eficiente e com riscos por falta de acesso ao gás.”
O Brasil vem passando por uma preocupante crise hídrica nos últimos meses, o que interferiu diretamente na disponibilidade de energia elétrica no país. Diante disso, o governo federal acionou todas as usinas térmicas do país a fim de evitar o apagão. Entretanto, esse tipo de produção de energia é mais cara e mais poluente do que as usinas hidrelétricas.
Com isso, a previsão era de que as tarifas de energia deveriam chegar a 22% para este ano de 2022, o que é bastante delicado para o governo, especialmente em um ano eleitoral. Ainda mais em um cenário onde quase metade das famílias brasileiras precisam utilizar uma grande parte de sua renda para arcar com estes gastos.