Pelo segunda ano seguido a meta da inflação não deve ser cumprida. A inflação de 2022 já alcança 6%, diante de uma meta de 3,5% neste ano. Especialistas ouvidos pela UOL podem não concordar em tudo, mas uma coisa é certa: o controle para inflação deste ano já está perdido.
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No ano passado, o presidente do Banco central, inclusive, precisou fazer uma carta para explicar a situação. Uma preocupação ainda não é somente em repetir o feito em 2022, mas a inflação também não ser controlada em 2023. Para o ano que vem será preciso lidar com variáveis como os preços dos combustíveis, commodities e outros problemas de ano eleitoral.
“O controle da inflação está perdido desde o começo do ano. Agora, ainda mais. Desde o começo de 2022, se imagina uma inflação alta. Para o próprio BC, o controle neste ano já está praticamente fora do horizonte. Ele não briga mais pela inflação de 2022. O BC está brigando por 2023”, avaliou o economista Alexandre Schwartsman, sócio da consultoria Schwartsman & Associados. A entrevista foi concedida para UOL.
Opinião parecida tem também o economista Mailson da Nóbrega, ministro da Fazenda entre 1988 e 1990. “O BC perdeu a meta de inflação de 2022. Não há mais como atingi-la, a menos que ele promova uma contração econômica gigantesca, o que seria irresponsável. O trabalho do BC hoje está focado em evitar a perda da meta de 2023. Isto é, prevenir a contaminação, no próximo ano, do processo inflacionário de 2022”, explicou para Uol.
Juros e inflação 2022
O Banco Central tem na selic, taxa básica de juros, uma das ferramentas para garantir que a meta da inflação seja atingida. Pelo menos é este o resultado esperado, contribuindo para operações de crédito mais caras para empresas e consumidores e um esperado ritmo mais lento da circulação do dinheiro.
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Acontece que, até agora a taxa selic está em 11,75% ao ano e a inflação de 2022 não foi controlada. A dificuldade de conseguir controlar a inflação na pandemia da Covid-19 é uma realidade, além de outros problemas políticos que contribuíram para este resultado.
Confira abaixo sobre a inflação nos últimos anos e suas metas:
Metas de inflação, resultados e projeções no ano:
- 2017: 4,5% (meta); 3% a 6% (intervalo de tolerância); 2,95% (inflação medida)
- 2018: 4,5% (meta); 3% a 6% (intervalo de tolerância); 3,75% (inflação medida)
- 2019: 4,25% (meta); 2,75% a 5,75% (intervalo de tolerância); 4,31% (inflação medida)
- 2020: 4% (meta); 2,5% a 5,5% (intervalo de tolerância); 4,52% (inflação medida)
- 2021: 3,75% (meta); 2,25% a 5,25% (intervalo de tolerância); 10,06% (inflação medida)
- 2022: 3,5% (meta); 2% a 5% (intervalo de tolerância); 6,59% (inflação projetada)
- 2023: 3,25% (meta); 1,75% a 4,75% (intervalo de tolerância); 3,75% (inflação projetada)