Mario Vargas Llosa: Vida e obra do peruano vencedor do Nobel

Mario Vargas Llosa é um escritor peruano e ganhador do Prêmio Nobel, considerado parte do “boom latino-americano” das décadas de 1960 e 70, um grupo de escritores influentes que inclui Gabriel García Márquez e Carlos Fuentes.

Embora seus primeiros romances fossem conhecidos por suas críticas ao autoritarismo e ao capitalismo, a ideologia política de Vargas Llosa mudou na década de 1970. A saber, ele começou a ver os regimes socialistas, particularmente a Cuba de Fidel Castro, como repressivos para escritores e artistas.

Ainda na juventude, logo após dois anos na escola militar, começou a escrever em diferentes gêneros: jornalismo, peças, assim como poemas. Ele retornou a Lima em 1953 para começar a estudar Direito e Literatura na Universidad Nacional Mayor de San Marcos.

Em 1958, Vargas Llosa fez uma viagem à selva amazônica que o impactou profundamente e a sua futura escrita. Na verdade, “A Casa Verde” foi ambientado narrou a experiência do escritor com os indígenas.

Início de carreira de Vargas Llosa

Depois de se formar na universidade em 1958, Vargas Llosa obteve uma bolsa de estudos para fazer sua pós-graduação na Espanha na Universidad Complutense de Madrid.

Ele planejava começar a escrever sobre sua passagem pelo Leoncio Prado. Quando sua bolsa terminou em 1960, ele e sua esposa Julia Urquidi (com quem se casou em 1955) se mudaram para a França. Lá, Vargas Llosa conheceu outros escritores latino-americanos, como por exemplo o argentino Julio Cortázar.

O segundo romance de Vargas Llosa, “A Casa Verde”, foi publicado em 1966 e rapidamente o estabeleceu como um dos escritores latino-americanos mais importantes de sua geração.

Foi nesse ponto que seu nome foi adicionado à lista do “Boom da América Latina”, um movimento literário das décadas de 1960 e 1970 que também incluía Gabriel García Márquez, Cortázar e Carlos Fuentes. Seu terceiro romance, “Conversa na Catedral” (1969), trata da corrupção da ditadura peruana de Manuel Odría entre o final dos anos 1940 e meados dos anos 1950.

Na década de 1970, Vargas Llosa adota um estilo diferente e mais leve e satírico em seus romances, como “Capitão Pantoja e o Serviço Especial” (1973) e “Tia Julia e a Roteirista” (1977), baseado em parte em sua casamento com Julia, de quem se divorciou em 1964. Em 1965 casou-se novamente, desta vez com sua prima, Patricia Llosa, com quem teve três filhos: Álvaro, Gonzalo e Morgana; eles se divorciaram em 2016.

Ideologia política

Vargas Llosa começou a desenvolver uma ideologia política de esquerda durante a ditadura de Odría. Ele fazia parte de uma célula comunista na Universidade Nacional de San Marcos e começou a ler Marx. Vargas Llosa apoiou inicialmente o socialismo latino-americano, especificamente a Revolução Cubana.

Na década de 1970, entretanto, Vargas Llosa começou a ver os aspectos repressivos do regime cubano, particularmente em termos de censura de escritores e artistas. Ele começou a defender a democracia e o capitalismo de mercado livre.

Na verdade, essa mudança ideológica prejudicou seu relacionamento com outros escritores latino-americanos, como por exemplo García Márquez.

Em 1987, quando o então presidente Alan García tentou nacionalizar os bancos do Peru, Vargas Llosa organizou protestos, pois sentia que o governo também tentaria tomar o controle da mídia.

Esse ativismo levou Vargas Llosa a formar um partido político, o Movimiento Libertad (Movimento pela Liberdade), para se opor a García.

Em 1990, evoluiu para Frente Democrático, e Vargas Llosa concorreu à presidência naquele ano. Perdeu para Alberto Fujimori, que traria outro regime autoritário ao Peru. Fujimori recebeu condenação em 2009 por corrupção e violações dos direitos humanos e ainda cumpre prisão.  Vargas Llosa acabou escrevendo sobre esses anos em suas memórias de 1993, “Um Peixe na Água”.

Nos anos 2000, Vargas Llosa passou a ser conhecido por sua política neoliberal. Em 2005 ele recebeu o prêmio Irving Kristol do conservador American Enterprise Institute e, como afirma Iber, ele “denunciou o governo cubano e chamou Fidel Castro de ‘fóssil autoritário'”.

Carreira posterior

Depois de perder a eleição presidencial em 1990, Vargas Llosa deixou o Peru e se estabeleceu na Espanha, tornando-se colunista político do jornal “El País”. Muitas dessas colunas formaram a base para sua antologia de 2018 “Sabres e Utopias”, que apresenta uma coleção de quatro décadas de seus ensaios políticos.

Em 2000, Vargas Llosa escreveu um de seus romances mais conhecidos, “A Festa da Cabra”, sobre o legado brutal do ditador dominicano Rafael Trujillo. Sobre este romance, ele declarou:

“Eu não queria apresentar Trujillo como um monstro grotesco ou palhaço brutal, como é usual na literatura latino-americana… Eu queria um tratamento realista de um ser humano que se tornou um monstro por causa do poder que ele acumulou e a falta de resistência e crítica. Sem a cumplicidade de grandes setores da sociedade e sua paixão pelo homem forte, Mao, Hitler, Stalin, Castro não estaria onde estavam; convertido em um deus, você se torna um diabo.”

Em 2010, a saber, ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. E logo após, em 2011, ele recebeu um título de nobreza do rei espanhol Juan Carlos I.

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