O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,51% em maio. A alta dos preços foi impulsionada, principalmente, pelo leite longa vida e pelo reajuste dos medicamentos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores tiveram que gastar um pouco mais nos supermercados, farmácias e jogos de azar (loterias) em maio.
Ainda assim, vale destacar que o IPCA-15 desacelerou em relação a abril (0,57%), mesmo que de maneira leve. Essa desaceleração não quer dizer que os preços caíram, mas sim que subiram de maneira menos intensa que em abril.
Em resumo, o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
Com o acréscimo do resultado de maio, o IPCA-15 passou a acumular uma alta de 3,12% em 2023. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no Brasil desacelerou de 4,16%, em abril, para 4,07%. A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Apesar da desaceleração, o IPCA-15 segue acima da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023, de 3,25%. No entanto, a taxa vem perdendo força nos últimos meses e poderá atingir a meta caso esses resultados se prolonguem ao longo do ano.
Aumento dos preços fica disseminado
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em maio. Isso acabou impulsionando a prévia da inflação no mês, refletindo o aumento disseminado dos preços no país.
Confira abaixo a variação positiva registradas pelos sete grupos pesquisados pelo IBGE:
- Saúde e cuidados pessoais: 1,49%
- Alimentação e bebida: 0,94%
- Habitação: 0,43%
- Despesas pessoais: 0,40%
- Vestuário: 0,35%
- Educação: 0,07%
- Comunicação: 0,02%
De acordo com o IBGE, as únicas exceções foram os grupos artigos de residência e transportes, cujos preços caíram 0,28% e 0,04%, respectivamente, em relação a abril. Esses recuos ajudaram a limitar um pouco do avanço da inflação neste mês.
Entre os grupos que registraram aumento dos preços, o destaque foi o de saúde e cuidados pessoais. Em suma, o aumento nos preços dos produtos farmacêuticos (2,68%),” após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março”, impulsionou o grupo em maio, explicou o IBGE.
Além disso os itens de higiene pessoal ficaram 1,38% mais caros em maio, impulsionados, principalmente, pelos perfumes, que tiveram alta de 2,21%. Assim, o grupo saúde e cuidados pessoais impactou o IPCA-15 em 0,20 ponto percentual (p.p.).
Por sua vez, o grupo alimentação foi impactado, principalmente, pelo leite longa vida, cujos preços saltaram 6,03% em maio. O item exerceu o maior impacto positivo no mês, de 0,05 p.p., o que corresponde a 10% da alta do IPCA-15.
No ano passado, os brasileiros que consumiam leite sofreram com os preços elevados dos itens e seus derivados. Para 2023, a expectativa é que os preços do leite não subam intensamente como em 2022.
Esses dois grupos, saúde e cuidados pessoais e alimentação e bebidas, responderam por cerca de 80% da variação da inflação no Brasil em maio.
Cabe salientar que cada grupo possui um peso diferente na composição do IPCA-15. Isso porque eles impactam de maneiras diferentes a renda das famílias. Por isso que nem sempre os grupos com as maiores altas exercem os maiores impactos na prévia da inflação.
Inflação sobe em todos os locais pesquisados
Em síntese, o IPCA-15 se manteve em patamar bastante elevado. Segundo o IBGE, todos os locais pesquisados registraram aumento no preço dos produtos e serviços, assim como ocorreu em todos os meses de 2023.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas em todos os locais pesquisados:
- Belo Horizonte: 0,90%
- Goiânia: 0,83%
- Salvador: 0,73%
- Fortaleza: 0,61%
- Curitiba: 0,46%
- Rio Janeiro: 0,46%
- Brasília: 0,45%
- São Paulo: 0,45%
- Porto Alegre: 0,28%
- Belém: 0,22%
- Recife: 0,19%
“A maior variação foi registrada em Belo Horizonte (0,90%). A principal contribuição para o resultado veio do ônibus urbano, com alta de 24,00%. Já a menor variação foi observada em Recife (0,19%), influenciada pelas quedas de 18,25% nas passagens aéreas e de 3,46% na gasolina”, explicou o IBGE.
Por fim, a taxa acumulada em 12 meses nos locais pesquisados variou entre 2,94%, em Curitiba, e 4,95%, em São Paulo. Aliás, apenas três locais tiveram taxas superiores à média nacional (4,07%). Além de São Paulo, também registraram taxas acima de 4,00%: Salvador (4,73%) e Brasília (4,40%).