INPC: inflação para famílias de renda mais baixa sobe em janeiro

INPC: inflação para famílias de renda mais baixa sobe 0,46% em janeiro

Inflação desacelerou em relação ao mês anterior, mas ainda ficou no campo positivo, puxada por 14 dos 16 locais pesquisados

Os brasileiros enfrentaram mais um mês de alta dos preços de bens e serviços no país. A famosa e temida inflação atingiu a população de maneira disseminada no mês passado. E, mais uma vez, corroeu principalmente a renda dos mais pobres.

Em janeiro deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,46%. Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.

Vale destacar que o INPC é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Isso quer dizer que o governo federal promove reajustes do salário mínimo conforme a variação que o INPC apresentar. Aliás, os reajustes devem ser, no mínimo, iguais à variação acumulada pelo indicador no ano anterior.

Assim, as famílias continuam a ter as mesmas condições de renda para continuarem comprando os mesmos itens ano após ano, pelo menos teoricamente. No entanto, o governo federal pode promover reajustes que resultem em ganhos reais para os trabalhadores, acima da inflação registrada pelo INPC.

Embora a taxa do indicador tenha variado de maneira positiva no mês passado, ela ficou abaixo da taxa registrada em dezembro de 2022 (0,69%). Essa desaceleração foi puxada por dez dos 16 locais pesquisados, cujas taxas também desaceleraram no mês passado.

Com o acréscimo do resultado de janeiro, o INPC passou a acumular uma alta de 5,71% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Inflação sobe em 14 dos 16 locais pesquisados

Em janeiro, o INPC apresentou variação positiva em 14 dos 16 locais pesquisados. Em outras palavras, os consumidores destes locais sofreram com o aumento no preço dos produtos e serviços.

Esse avanço disseminado mostra que os brasileiros tiveram que gastar mais no mês passado para adquirir itens ou contratar serviços, em comparação a dezembro. No entanto, vale destacar a desaceleração das taxas, registrada em 10 dos 16 locais pesquisados.

Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em janeiro:

  • Salvador: 0,95%
  • Belo Horizonte: 0,87%
  • Vitória: 0,85%
  • Fortaleza: 0,73%
  • Campo Grande: 0,64%
  • São Paulo: 0,54%
  • Rio Branco: 0,49%
  • Aracaju: 0,49%
  • Belém: 0,40%
  • Rio Janeiro: 0,37%
  • Goiânia: 0,29%
  • Brasília: 0,27%
  • Porto Alegre: 0,20%
  • Curitiba: 0,02%
  • São Luís: -0,04%
  • Recife: -0,08%

Como observado acima, a inflação medida pelo INPC caiu apenas em São Luís e Recife, mas os recuos foram bem leves. Por outro lado, os preços subiram nas demais regiões, impulsionando o indicador.

No acumulado dos últimos 12 meses até janeiro, as maiores taxas vieram de: Salvador (7,06%), São Paulo (6,86%), Rio de Janeiro (6,24%), São Luís (6,18%), Fortaleza (6,09%), Aracaju (6,04%) e Recife (5,82%).

Apesar de a inflação registrada em nove locais ficar abaixo da média nacional (5,71%), esse percentual acabou impulsionado pelas regiões citadas acima. Isso porque estes sete locais respondem por 57,4% da inflação medida pelo INPC no país. Por isso que a taxa ficou bem elevada em janeiro.

INPC x IPCA

De acordo com o IBGE, existe uma diferença sutil entre os dados do INPC e do IPCA e apenas se refere ao uso do termo “amplo”. De um lado, “o IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos”, segundo o IBGE.

Por sua vez, “O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.”, informa o IBGE.

Em janeiro, a taxa do INPC ficou mais elevada em Salvador devido às altas registradas na energia elétrica (7,99%) e na gasolina (6,34%). Aliás, estes dois itens exercem um forte impacto negativo no IPCA em 2022, com a gasolina caindo 25,78% e a energia elétrica despencando 19,01%.

Caso o IBGE não considerasse esses itens, a inflação no Brasil teria subido 9,56% no ano passado, em vez de 5,79%, como realmente aconteceu. Isso mostra o quanto estes itens influenciam tanto o IPCA quanto o INPC, e foi justamente isso o que aconteceu em Salvador no mês passado.

Por outro lado, Recife teve a menor taxa entre os locais pesquisados devido ao recuo nos preços da gasolina (-3,69%) e dos perfumes (-5,33%).

Por fim, o IBGE revelou que os preços dos produtos alimentícios subiram 0,52% em janeiro, taxa inferior a de dezembro (0,74%). Já os produtos não alimentícios tiveram uma variação de 0,44%. ante alta de 0,67% no mês anterior. Ambos os resultados, abaixo das taxas de dezembro, ajudaram a desacelerar a inflação medida pelo INPC em janeiro.

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