Inflação e PIB devem crescer mais que o esperado em 2023

Inflação e PIB devem crescer mais que o esperado em 2023

Relatório Focus traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições do mercado financeiro sobre indicadores econômicos do Brasil

A inflação no Brasil e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverão subir mais que o esperado em 2023. Segundo a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país, ambos os índices avançaram nesta semana.

De acordo com a publicação, a inflação no Brasil deverá encerrar este ano em 6,05%, taxa levemente maior que a projetada na semana passada (6,04%). A inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.

Em suma, essa é a quinta semana consecutiva de alta das projeções, após duas quedas. Inclusive, estas foram as únicas retrações registradas em 2023, uma vez que a taxa cresceu ou se manteve estável nas demais semanas. Em outras palavras, a inflação deverá subir em 2023 mais que o esperado no final do ano passado.

A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas excepcionalmente nessa terça-feira (2). A divulgação ocorre todas as segundas-feiras, mas na véspera foi comemorado o Dia do Trabalho, que é feriado nacional.

Cabe salientar que, com mais uma elevação, as novas projeções para a inflação ficaram ainda mais distantes da meta para este ano. Em resumo, isso é ruim para o país, que busca uma taxa inflacionária abaixo da meta definida, uma vez que há diversos benefícios quando isso ocorre.

Como ocorre a definição da meta da inflação?

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o responsável pela projeção de uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:

  • Maior tranquilidade para investir no Brasil;
  • Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
  • Redução da concentração de renda;
  • Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.

Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.

Portanto, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.

Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.

A saber, o Conselho Monetário Nacional é composto por:

  • Presidente do Banco Central;
  • Ministro da Fazenda;
  • Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

Inflação em alta no Brasil em 2023

Neste ano, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.

Em síntese, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em janeiro deste ano um pacote de medidas adotadas pelo governo federal para reduzir o rombo das contas públicas. Para 2023, o déficit aprovado pelo Congresso Nacional foi de R$ 231,5 bilhões. Contudo, os esforços do governo devem reduzir o rombo para R$ 120 bilhões.

Nesse cenário, o déficit das contas públicas diminui, graças ao aumento da arrecadação federal, ou seja, os brasileiros passam a pagar mais caro.

Para segurar a inflação, o Banco Central elevou 12 vezes consecutivas os juros da economia brasileira, a Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Dessa forma, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.

Além disso, é importante destacar que a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.

Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente devido ao retorno dos impostos sobre os combustíveis. Por ora, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais alguns meses.

Estimativas para o PIB brasileiro

O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro elevou levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,96% para 1,00%.

Nas últimas semanas, os analistas elevaram de maneira recorrente as estimativas para o PIB do país em 2023, o que indica maior otimismo para este ano. Ainda assim, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022, mas vale destacar que essa é a primeira vez que a projeção chegou à casa de 1%.

Já para 2024 as projeções se mantiveram estáveis em 1,41%. Em resumo, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano, quando comparado a 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar mais brandos no país.

Por fim, os analistas estimaram que a taxa Selic ficará em 12,50% neste ano. Já para 2024, os juros deverão ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que deverá continuar afetando a renda dos brasileiros.

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