O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com a maior inflação do mundo. Apesar das principais economias do mundo estarem sentindo os efeitos da pandemia, o problema tem se agravado no país por conta da desvalorização do real frente ao dólar e a insegurança fiscal.
A inflação que antes era mais sentida pela população mais pobre, com a alta no preço dos alimentos, agora afeta todos os setores da economia. A gasolina tem acumulado uma alta de mais de 70% no ano.
A energia elétrica também assombra os brasileiros, acumulando uma alta de 25% no ano e ganhando até uma nova bandeira. A bandeira de escassez hídrica foi criada em agosto de 2021 e acrescenta R$ 14,20 a cada 100 kWh.
De acordo com o Trading Economics, o Brasil fica apenas atrás da Turquia, que tem sofrido muito com o câmbio durante a pandemia de Covid-19 e da Argentina, que vem enfrentando uma das piores crises inflacionárias da sua história.
O que dizem os especialistas sobre a inflação no Brasil
“O choque de oferta causado pela pandemia de Covid-19 atingiu o mundo inteiro, mas o Brasil ainda teve a forte desvalorização da sua moeda, um componente a mais para que a inflação acelerasse”, explica Roberto Dumas, professor de economia do Insper.
Dumas ainda afirmou que o cenário não é dos mais animadores, já que em um contexto de aumento do risco fiscal, os investidores tendem a retirar seu capital do país. Desse modo, o dólar deve subir ainda mais, prejudicando toda a economia brasileira.
Segundo André Braz, economista da FGV IBRE, o cenário que o Brasil vem enfrentando tem relação também com a maneira que o governo federal tem lidado com a pandemia de Covid-19. “O governo federal adotou uma postura com o surgimento da Covid, como a recomendação do uso de cloroquina, de não estimular o uso de máscaras e do distanciamento social, o que gera uma incerteza doméstica muito grande” disse Braz.
“Esse discurso segue até hoje e difere dos que os governadores e prefeitos têm feito, o que contribui para a manutenção deste cenário de dúvidas”, acrescentou o economista da FGV.
Alta no preço de alimentos básicos
De acordo com o levantamento mensal realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o preço da cesta básica chegou a R$ 700 em alguns lugares do país. O valor da cesta básica teve um aumento em 16 capitais brasileiras por conta da inflação.
Segundo o DIEESE, se compararmos os meses de outubro de 2020 e outubro de 2021, o valor da cesta básica aumentou em todas as capitais brasileiras analisadas no estudo. Os maiores percentuais de alta foram registrados em Brasília (31,65%), Campo Grande (25,62%) e Curitiba (22,79%).
Além dos alimentos não perecíveis que fazem parte da cesta básica, mercadorias como tomate e batata apresentaram uma alta no último mês. De acordo com especialistas, a inflação tem relação com a má gestão do governo federal durante a pandemia de Covid-19.