Após saltar mais de 4 pontos em outubro, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 0,5 ponto em novembro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 110,4 pontos, seguindo na faixa desfavorável.
A saber, o IIE-Br atingiu em julho o menor nível em quase seis anos (103,5 pontos). Contudo, as variações seguintes foram alternadas, com o indicador subindo e descendo em cada um dos últimos meses, apresentando um movimento de alternância de resultados.
Em novembro, o indicador de incerteza seguiu acima da marca de 110 pontos, considerada uma faixa desfavorável, refletindo o aumento da incerteza no país. Aliás, o IIE-Br seguiu abaixo dessa marca nos últimos meses, mas voltou a alcançá-la em outubro, seguindo nesse patamar em novembro.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.
Entenda o indicador de incerteza da FGV
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Na verdade, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em outubro, de 110,9 pontos, indica um grau razoável de incerteza no país, e não mais superficial.
Vale destacar que o grau de incerteza vinha se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos primeiros meses de 2023. Embora o indicador tenha avançado no início do ano, as altas não foram muito expressivas e não elevaram o grau de incerteza de maneira significativa.
Já no segundo e no terceiro trimestres, as quedas prevaleceram, e não foram apenas superficiais. Por isso que o IIE-Br caiu para o um nível baixo, algo que não era visto há anos, mas as incertezas com o cenário internacional impulsionaram as preocupações no país.
Componente de Expectativas reduz incerteza no país
De acordo com a economista do FGV IBRE, Anna Carolina Gouveia, o IIE-Br caiu em novembro graças à redução das expectativas em relação ao futuro. A economia vem ser fortalecendo, e o mercado espera grandes dados envolvendo inflação e juros nos próximos meses.
“Após a alta do mês anterior, a ligeira queda do nível de incerteza em novembro sugere uma estabilidade em patamar moderadamente desfavorável. O resultado foi determinado pela queda do componente de Expectativas, com redução da dispersão das previsões de inflação, juros e câmbio para daqui a 12 meses“, disse a economista.
Cabe salientar que o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em novembro, os componentes seguiram trajetórias distintas, exercendo impactos inversos no indicador.
O maior impacto veio do componente de expectativas, que caiu 4,3 pontos, para 98,8 pontos. Esse é o menor nível do componente desde janeiro de 2018 (93,9 pontos), ou seja, em cinco anos e meio. A propósito, o componente impactou o indicador de confiança em -0,8 ponto em novembro.
“O avanço da agenda das políticas econômicas do ano e as previstas para o futuro, como a reforma tributária, assim como uma maior estabilidade política parecem gerar um ambiente com menor volatilidade na economia, proporcionando maior previsibilidade para os agentes econômicos“, explicou Anna Carolina.
Componente de mídia sobe e limita queda do indicador
Embora a incerteza em relação às expectativas com o futuro tenha recuado, o componente de mídia subiu em novembro e limitou a queda do indicador. Em síntese, o componente subiu 0,4 ponto, para 112,2 pontos, patamar bastante elevado, que sinaliza preocupação com o cenário econômico atual do país.
Segundo Anna Carolina, o componente de mídia “mede o nível de incerteza através das notícias econômicas“. Em novembro, o componente subiu, “influenciado pela piora das projeções para o déficit primário de 2023, gerando um ruído de incerteza fiscal e impedindo uma queda maior do IIE-Br“.
O componente exerceu um impacto de 0,3 no IIE-Br, limitando a queda do indicador de incerteza em novembro. Aliás, o componente de mídia exerce um impacto bem mais forte no indicador do que o de expectativas. Por isso que sua alta tímida foi suficiente para limitar a queda das expectativas, apesar de ter apresentando uma variação bem menor.
O que esperar para os últimos meses do ano?
Embora o IIE-Br venha apresentando dados voláteis, mas ainda com o predomínio das quedas, o exterior preocupa e pode fortalecer ainda mais a incerteza no país nos próximos meses.
“No mês, as incertezas externas com relação às eleições na Argentina, também podem ter influenciado no resultado“, disse Anna Carolina. Esse fator não deverá impactar tão fortemente o indicador em dezembro, já que as eleições no vizinho sul-americano já ocorreram.