INCERTEZA econômica no país CRESCE pelo 4º mês seguido
Indicador da FGV mede grau de incerteza econômica do país
O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) subiu 0,4 ponto em janeiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice chegou a 113,3 pontos, maior nível desde agosto deste ano (116,6 pontos).
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país. Aliás, a faixa acima de 113 pontos mostra que a incerteza no país não é apenas superficial, mas se encontra em nível razoável.
Vale destacar que esse é o quarto mês consecutivo de alta do IIE-Br, o que indica que as expectativas em relação à atividade econômica brasileira estão cada vez mais enfraquecidas.
Ainda assim, mesmo com o patamar elevado, é importante ressaltar que a incerteza se manteve em um patamar mais estabilizado nos últimos meses. Na verdade, mesmo com avanços consecutivos, as altas foram bem tímidas e não impulsionaram o indicador de maneira significativa.
A título de comparação, esse cenário é bem diferente do que aconteceu nos últimos anos. Em síntese, a incerteza econômica brasileiras disparou em 2020 devido à pandemia da covid-19.
A saber, o IIE-Br chegou a subir 52 pontos em março de 2020, para 167,1 pontos. No mês seguinte, houve outra disparada, de 43,4 pontos, que fez a incerteza alcançar 210,5 pontos em abril, maior nível da série histórica.
Antes da pandemia, o recorde do indicador havia sido alcançado em setembro de 2015, quando o IIE-Br chegou a 136,8 pontos. Isso quer dizer que o novo recorde ficou 53,9% maior que o maior patamar registrado antes da crise sanitária.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta segunda-feira (31).
Invasão ao Congresso impulsiona incerteza
Neste mês, o país assistiu horrorizado à invasão de manifestantes a prédios importantes de Brasília. Em suma, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro realizaram um verdadeiro quebra-quebra em edifícios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto.
Tudo isso fez a incerteza disparar no país. Contudo, com o passar dos dias e a realização de prisão de diversos envolvidos, o indicador perdeu força e sua alta no mês ficou bem menor do que poderia ter sido.
“Vale citar que nos dias seguintes ao 8 de janeiro, quando os edifícios do Congresso, STF e Palácio do Planalto foram invadidos por manifestantes, o nível de incerteza chegou a subir ainda mais para depois recuar um pouco”, explicou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV Ibre.
À época, a invasão em Brasília foi assunto em vários jornais internacionais. Aliás, muitos manifestantes esperavam uma posição do ex-presidente Bolsonaro, mas ele havia viajado para os Estados Unidos e não fez qualquer declaração apoiando o ataque.
Por outro lado, o ex-presidente também não condenou a invasão, mas isso o isolou ainda mais, visto que a ação pedia o fim da democracia e a instalação de um governo ditatorial no país. Com a repressão policial, a incerteza com a economia brasileira acabou perdendo força ao longo do mês.
Novo governo ainda preocupa
Em janeiro, as questões envolvendo o novo governo também impulsionaram o indicador de incerteza da economia. Em resumo, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda precisa colocar suas ações em prática para que o mercado se sinta mais seguro e saiba o que esperar do governo.
“A quarta alta seguida do Indicador de Incerteza foi motivada pelas discussões sobre a política econômica efetiva do novo governo, com possíveis implicações sobre o direcionamento da dívida pública e da inflação”, disse Anna Carolina. Aliás, o cenário político vem exercendo grande influência nas expectativas do país nos últimos meses.
Vale destacar que o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. A saber, o primeiro componente subiu 3,7 pontos neste mês, para 113,8 pontos, maior patamar desde agosto de 2022 (115,1 pontos). Assim, contribuiu com a alta de 3,2 pontos para o indicador de incerteza.
Por outro lado, o componentes de expectativas caiu 11,9 pontos, para 106,0 pontos, menor nível desde novembro do ano passado (105,1 pontos). Dessa forma, o componente ajudou a reduzir a alta do IIE-Br em 2,6 pontos.
A propósito, o componente de expectativas exerce bem menos impacto que o de mídia. Por isso, a sua forte queda não conseguiu puxar o indicador de incerteza econômica para o campo negativo em janeiro. A propósito, o componente de expectativas mede a dispersão de especialistas para variáveis macroeconômicas.