Após uma pausa na véspera (21), o rali do Ibovespa voltou a dar às caras no Brasil. Na sessão desta quarta-feira (22), o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, superou as incertezas e subiu no pregão, fortalecido por declarações do presidente do Banco Central (BC).
No pregão de hoje, o Ibovespa subiu 0,33%, a 126.035 pontos. Com isso, renovou a máxima desde julho de 2021, atingindo o maior patamar desde o dia 15 daquele mês, ou seja, em dois anos e quatro meses.
Em novembro, o Ibovespa acumula ganhos impressionantes de 11,40%. Neste mês, houve apenas quatro sessões no vermelho, mas as quedas foram tão tímidas que não afetaram os ganhos acumulados.
Por outro lado, o índice avançou em dez sessões, com altas bastante expressivas. Por isso que o saldo mensal supera os 11%, algo que não foi visto em qualquer mês deste ano. Já em 2023, o indicador reserva ganhos de 14,86%.
Declarações de Campos Neto impulsionam Ibovespa
Na noite de ontem (21), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que as taxas de juros estão muito “restritivas” no país. Portanto, o BC poderá “continuar com o processo de baixar as taxas, pois com a inflação baixando, as taxas reais de juros sobem e há espaço para reduzir os juros e continuar no campo restritivo“.
Ele afirmou que o mais apropriado é que o BC promova mais cortes de meio ponto percentual nos próximos dois encontros do Comitê de Política Monetária (Copom). “Depois disso vai depender de muitas coisas. Muitas incertezas serão dissipadas até lá“, disse Campos Neto.
“Temos um cenário internacional que aponta muita preocupação, há problemas geopolíticos, há incertezas relativas a preços de petróleo. Mas quando observamos como os mercados emergentes reagiram e o Brasil tem reagido, isso nos coloca em um sentimento positivo“, acrescentou.
Esses comentários positivos do presidente do Banco Central deram coragem aos investidores para buscarem ativos de risco no Brasil, impulsionando o Ibovespa no dia. Contudo, não foi apenas notícias positivas que repercutiram na sessão.
Governo aumenta projeção de rombo das contas públicas
O Ibovespa vinha registrando alta sem muita interferência. Contudo, na tarde de hoje (22), os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram que a projeção de rombo das contas públicas em 2023 deverá ficar em R$ 177,4 bilhões. O último prognóstico indicava um rombo bem menor, de R$ 141,4 bilhões.
Essa nova previsão se distancia ainda mais da “meta informal” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em janeiro, ele disse que as contas públicas teriam déficit de R$ 100 bilhões em 2023, mas as estimativas superam essa marca há muito tempo, e estão ainda mais negativas no final do ano. Tudo isso derrubou o Ibovespa, limitando o avanço no dia.
Vale destacar que o governo federal segue projetando um déficit zero em 2024. Na semana passada, o governo revelou que desistiu de alterar a meta fiscal para 2024. Em suma, o governo segue com o objetivo de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem, apesar da dificuldade em atingir esse objetivo.
De todo modo, a decisão dá maior tempo para o ministro Fernando Haddad tentar conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal. Aliás, o governo também planeja cortar gastos para reduzir o rombo das contas em 2024.
Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não irá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.
56 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão
Na sessão de hoje (22), 56 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em alta, impulsionando o indicador. Aliás, o avanço poderia ter sido ainda maior, mas isso não aconteceu porque as duas principais empresas listadas no Ibovespa, a mineradora Vale e a Petrobras, que respondem por cerca de 15% e 12% da carteira, respectivamente, tiveram variações negativas no dia.
Devido à parcela do Ibovespa que elas representam, suas variações exercem bem mais impacto no indicador do que as demais. Por isso que elas têm uma importância tão elevada assim.
No caso da Vale, os papeis caíram 1,10% no dia. Por sua vez, os papeis da Petrobras tiveram recuos mais tímidos, mas ainda assim ficaram no campo negativo. Em síntese, os preferenciais (PN) recuaram 0,17% e os ordinários (ON) fecharam o dia em queda de 0,08%.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 21 bilhões na sessão, 10% acima da média dos últimos 12 meses (R$ 18,5 bilhões). Em novembro, o indicador está com uma média diária de R$ 20,1 bilhões, segundo maior montante de 2023, atrás apenas da média diária de junho (21,1 bilhões).
Veja as maiores altas e quedas desta quarta-feira (22)
Na sessão de hoje (22), as ações que tiveram os maiores avanços percentuais foram:
- IRB Brasil Resseguros ON: 6,19%;
- Marfrig ON: 5,58%;
- JBS ON: 4,04%;
- Lojas Renner ON: 4,03%;
- Eneva ON: 3,38%.
Em contrapartida, os papeis que registraram as quedas mais intensas no dia foram:
- Cemig PN: -9,71%;
- MRV ON: -3,40%;
- Magazine Luiza ON: -2,35%;
- Bradespar PN: -2,29%;
- Pão de Açúcar CBD ON: -2,14%.
Por fim, vale destacar que os papeis ordinários (ON) dão direito a votos em assembleias, algo que não acontece com os preferenciais (PN). Estes têm preferência por dividendos.