Pouco mais de um ano após o início da pandemia, uma pesquisa revelou que a percepção sobre a produtividade dos funcionários em regime home office aumentou, mas a o bem-estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional caíram.
Para se ter uma ideia do crescimento do trabalho nesta modalidade, no ano passado a oferta de vagas em home office disparou 309%.
Dos profissionais entrevistados na pesquisa 58% afirmaram que se considera mais produtivo ou significantemente mais produtivo no modelo de trabalho home office. Na pesquisa anterior, 44% teriam afirmado uma dessas opções – o que representou um aumento de 14% na nova pesquisa.
Se tratando da última pesquisa, as mulheres lideram na resposta de “significativamente mais produtivo” durante o trabalho home office. Um total de 29,1% das mulheres afirmou isso, contra 18,1% dos homens.
O levantamento foi realizado pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Grant Thornton e a Em Lyon Business School. Ao todo 1.075 pessoas foram entrevistas entre os dias 15 a 29 de março.
Apesar dos números apontarem para um cenário onde a noção de produtividade está em alta no trabalho em regime home office, isso não significa que o bem-estar tenha acompanhado está tendência, pelo contrário.
Um levantamento apontou que maior volume de horas trabalhadas, foi apontado por 24% dos participantes da pesquisa. Veja outros problemas relatados na pesquisa:
- Dificuldade de relacionamento, apontada por 16%;
- Dificuldade de comunicação, apontada por 16%;
- Equilíbrio com demandas pessoais, apontado por 14%;
Pandemia e home office
De acordo com Fabian Salum, professor da Fundação Dom Cabral, desde a primeira pesquisa em 2020 já havia a preocupação em relação ao convívio social e a organização do trabalho e das atividades pessoais.
“Depois de um ano, constatamos a concretização de alguns receios e como a percepção sobre o aumento da produtividade no trabalho remoto mostra seu custo, quando o assunto é equilíbrio e bem-estar. Os comentários dos respondentes apontam para um esgotamento mental que envolve tanto a situação crítica própria da pandemia quanto os desafios mencionados. Por isso, não podemos nos deixar seduzir pela alta produtividade. Faz-se necessários ajustes nos três níveis: organização, equipes e indivíduos”, disse, em entrevista ao G1.
Para Ronaldo Loyola, sócio da área de Capital Humano, da Grant Thornton Brasil, a pesquisa é uma importante ferramenta para os gestores buscarem melhorias na rotina home office de seus funcionários.
“A experiência acumulada ao longo de um ano de trabalho remoto por conta da pandemia, com todo o processo de mudança ao qual a cultura organizacional foi submetida, precisa ser canalizada para a preservação do bem-estar na gestão do capital humano, a fim de manter o engajamento das pessoas com relação aos resultados da organização”, avalia.