O Ministério da Economia pretende lançar um novo auxílio financeiro, o chamado Bônus de Inclusão Produtiva (BIP). A princípio, o projeto beneficiaria apenas trabalhadores informais. Entretanto, o Governo Federal decidiu incluir os jovens que nem estudam e nem trabalham, os chamados “nem-nem”.
O bônus pago pelo governo será de R$200 a R$300, com a condição de que os beneficiários invistam esse dinheiro em cursos de capacitação a distância. Desse modo, as empresas poderão contratar e treinar essas pessoas, oferecendo uma oportunidade de ingresso no mercado de trabalho.
De acordo com uma consultoria de análise de dados feita pela CNN, o número de jovens fora da escola ou faculdade no período entre 2012 e 2020 vem diminuindo lentamente. No entanto, o número de jovens fora do mercado de trabalho saltou no começo de 2020.
Isso se deve à pandemia de covid-19 no Brasil. No primeiro trimestre de 2020, antes do coronavírus, a porcentagem de jovens que nem estudam, nem trabalham, era de 25%. Já no segundo trimestre do mesmo ano, essa porcentagem subiu para 29%, recorde da pesquisa. Entretanto, há controvérsias nesse novo auxílio. Bruno Imaizumi, economista da LCA consultores, diz que o projeto do Ministério da Economia, do governo federal, deve ser difícil de sair do papel.
”É um pouco controverso esse programa, porque a gente não sabe de onde vai tirar. A situação fiscal do país hoje não permite a gente falar assim: Vamos criar esse programa e é isso, vamos dar dinheiro pra quem se especializar em tal negócio”, disse o economista em entrevista para a CNN.
Falta de diagnóstico é um problema
A criação de um programa ou de uma política pública eficiente do governo depende de um diagnóstico preciso, afirma o economista Carlos Alberto Ramos, professor da UnB (Universidade de Brasília).
Para que o programa funcione, é necessário entender o motivo do jovens não trabalharem, nem estudarem. “Entre mulheres, é comum que elas sejam mães e não consigam trabalhar ou estudar porque têm que se dedicar aos cuidados dos filhos. No caso dos homens não é possível explicar esse fenômeno” disse Ramos.
“Outro problema é que, se o jovem nem estuda nem trabalha e é invisível, como ele conseguirá essa vaga de trabalho? A empresa não vai ‘caçar’ esse trabalhador? Como será esse processo?” completou o economista.
Bruno Ottoni, pesquisador do iDados explicou que os jovens que se encontram nessa situação também não têm grande conhecimento escolar. Ele ainda disse que além de esquecerem parte do que aprenderam, o que ainda resta de conhecimento pode ser obsoleto para o posto de trabalho.
Outros programas do governo para jovens já falharam no passado
Ano passado, o Governo Federal tentou criar o projeto “Emprego verde e Amarelo”, que reduziria encargos para patrões que contratarem jovens no primeiro emprego e pessoas acima de 55 anos que estavam fora do mercado. Porém, o Congresso Nacional rejeitou a proposta.
Empresas teriam descontos para contratar jovens, como na contribuição previdenciária patronal, que seria reduzida de 20% para zero. O Governo também reduziria o repasse para o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que cairia de 8% para 2%. A nova modalidade só valeria para contratações de pessoas com remuneração de até 1,5 salário-mìnimo (R$1.567,50 na época).