Gênero épico: uma herança da Grécia Antiga

Gênero literário que surgiu na Grécia Antiga

O gênero épico é um texto literário que apresenta aventuras heroicas e eloquentes baseadas na história cultural dos povos.

O narrador épico pode construir a narrativa tanto em versos quanto em prosa. E quando o texto épico é escrito em versos chama-se versos épicos e quando escrito em prosa chama-se de narrativa épica.

O gênero épico também pode ser chamado de gênero narrativo porque a sua tipologia textual é a narração. As narrativas épicas do gênero épico sempre envolvem personagens, espaço e acontecimentos no passado e a figura central do herói nas ações.

É importante destacar ainda que os acontecimentos dos gênero épico podem ser baseados em históricos ou fictícios.

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Obras literárias do gênero épico

A logicidade, a racionalidade e a objetividade são o tripé textual que o narrador épico utiliza para dá o tom grandioso na narrativa épica. E o que caracteriza esse tom grandioso é justamente a presença de elementos místicos e aventuras fantásticas, baseados em mitos como a mitologia grega.

Em razão disso, existe a presença de deuses, semideuses, heróis e figuras fantasiosas. Essas divindades que interferem no enredo épico podem ajudar ou atrapalhar o desenrolar dos acontecimentos.

As epopeias Ilíada e Odisseia são exemplos primordiais do gênero épico escritos pelo poeta grego da antiguidade Homero.

Essas primeiras obras literárias do Ocidente são do século IX a.C. e fizeram parte dos estudos iniciais sobre Literatura dos filósofos gregos Platão e Aristóteles.

O conflito épico entre os gregos e troianos que durou uma década na famosa Guerra de Troia é narrado na Ilíada.

Leia abaixo partes do capítulo XIII do livro “Ilíada” e analise as palavras e frases negritadas:

Grande mortandade feita pelos Troianos entre os Gregos. Netuno comovido por este triste espetáculo vem em socorro dos navios Gregos. O deus do mar desperta a coragem dos dois Ajax e dos outros combatentes. Heitor por sua vez encoraja as suas falanges. […] Netuno irritado pela morte de Anfimaco prepara aos Troianos novas calamidades. O deus excita Idomeneu ao combate. Idomeneu vai buscar em sua tenda Merion, seu fiel escudeiro, e com ele se dirige para a esquerda do exército.

Terrível peleja entre os Gregos e os Troianos. Júpiter favorece aos Troianos, e Netuno protege os Gregos. […]

Os dois Ajax avançam com seu exército ao encontro do herói Troiano. A conselho de Polidamas, Heitor reúne todos os guerreiros, e dirige a Páris amargas censuras. Páris defende-se das acusações. Os dois irmãos lançam-se à peleja e pretendem levar a perturbação ao centro dos Gregos. Ajax, certo por um feliz presságio, recomeça o combate. — Horríveis clamores que se elevam de todas as partes.

Observe que na narrativa homérica tem a presença do deus romano “Netuno”, que é inspirado no deus grego Poseidon, e “Júpiter” também conhecido como Zeus, o deus superior dos deuses gregos.

Então, essas divindades mitológicas participam da narrativa do gênero épico. Além disso, ainda há o elemento da aventura, que nesse caso é a própria guerra com os guerreiros “Ajax”, “Heitor” e “Idomeneu”, desenvolvendo as ações.

Na Literatura Portuguesa existe a clássica obra “Os Lusíadas” (1572) do poeta português Luís de Camões.

“Os Lusíadas” é um texto épico escrito no século XVI e narra o pioneirismo marítimo dos português durante a Expansão marítima europeia, as conquistas territoriais, e a exalta do poder da Coroa portuguesa. Leia abaixo a segunda estrofe da obra:

E também as memórias gloriosas

Daqueles reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da morte libertando:

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte. (grifos nossos)

As nações valorizam sua história e para além de deixá-las registradas, as saúdam construindo obras literárias com pano de fundo grandioso. Especificamente nesses versos camonianos, ocorre exatamente o louvor dos territórios conquistados pelos colonizadores, sobretudo no verso “De África e de Ásia andaram devastando”.

Além dessas clássicas obras do gênero épico é possível citar ainda as seguintes:

  • Eneida: epopeia escrita no século I a.C. pelo poeta romano Vírgilo (70-10 a.C.). Narra a história do herói troiano chamado Eneias, que viaja para a região da Penísula Itálica e se torna o ancestral dos fundadores da cidade de Roma Antiga;
  • Paraíso perdido: epopeia baseada no livro bíblico de Gênesis, foi escrita em 1667 pelo escritor John Milton e narra a queda do anjo de luz chamado Lucifer, e a saga de Adão e Eva após comerem o fruto proibido;
  • A divina Comédia: epopeia escrita no século XIV pelo poeta italiano Dante Alighieri e narra uma viagem alucinada ao Inferno, purgatório e paraíso.

 

Gênero épico nos filmes

Os episódios heroicos não são narrados apenas nos textos épicos. As ações recheadas de aventuras também fazem parte das produções cinematográficas.

Os acontecimentos dos filmes épicos têm muitos dramas. E um exemplo desse tipo de produção é o filme épico norte-americano “Ben-Hur” que estreou na cidade de Nova Iorque em 18 de novembro de 1959.

O enredo gira em torno do ator Charlton Heston, famoso por encenar papeis heroicos nas produções de Hollywood, que faz o papel de herói-personagem como príncipe Judah Ben-Hur.

Por isso, aspectos constitutivos do gênero épico também podem ser vistos claramente nas telinhas do cinema. Podemos exemplificar o período temporal, principais personagens, os heróis, espaço e acontecimento.

O filme “O gladiador” também é outro ótimo exemplo de filme épico lançado em 2000 e dirigido por Ridley Scott.

As cenas acontecem no contexto histórico do Império Romano e o ator Russell Crowe faz o papel principal do general romano Maximus, que depois de ter sua família assassinada trava intensas lutas sangrentas como gladiador.

E, por fim, baseado nas narrativas homérica da Ilíada, o filme épico britano-malto-estadunidense “Troia”. Foi dirigido por Wolfgang Petersen, lançado em 2004 e logrou a indicação do Oscar de melhor figurino em 2005.

Semelhantemente ao texto literário, o enredo do filme acontece em 1193 a.C. e conta com personagens heroicos fantásticos da Grécia Antiga, como Aquiles.

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