Membro da ONU critica Auxílio Emergencial do Brasil: “não é hora de ajuste fiscal”

O Brasil virou assunto internacional mais uma vez nesta quinta-feira (9). Em entrevista para a imprensa brasileira, o representante da Organização das Nações Unidas (ONU), Daniel Balaban, fez críticas para a postura do Governo Federal em relação ao Auxílio Emergencial.

De acordo com Balaban, o Governo Federal não tem que pensar agora em ajustes fiscais ou em teto de gastos. Ele disse na entrevista que o momento agora é de salvar vidas. Para ele, o Governo precisa mesmo é pagar um Auxílio justo, pelo menos enquanto durar a Pandemia do novo coronavírus.

“Em um momento de crise, nós não temos que pensar em ajustes fiscais, em equilíbrio fiscal, agora é o momento de salvar vidas. Números, a gente resolve. Estatísticas, a gente equilibra depois. Só que vidas a gente não vai retomar depois”, disse Balaban.

Balaban faz parte do Programa Mundial de Alimentos. Trata-se portanto de um programa que ajuda a redistribuir alimentos de países ricos para países mais pobres. Normalmente, o Brasil não entra nessa lista de países que recebem essa alimentação externa.

Seja como for, já há uma preocupação da ONU neste sentido. Recentemente, dados do Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar mostraram que quase 19 milhões de pessoas passaram fome no país em 2020. Quase 117 milhões entraram na faixa de insegurança alimentar. Tudo isso passa a preocupar a ONU.

“O auxílio emergencial é primordial, é fundamental. No ano de 2020, as pessoas só conseguiram sobreviver por conta do auxílio emergencial. Esse auxílio é fundamental agora para pessoas desempregadas, e que talvez não tenham o emprego de volta mesmo depois da pandemia”, disse Balaban.

Além da Pandemia

Mas se engana quem pensa que a situação do Brasil gira apenas em torno da Pandemia do novo coronavírus. Especialistas afirmam que essa desigualdade no país tem raízes mais antigas. Por isso, o próprio Governo precisaria, na visão do membro da ONU, trabalhar para resolver a situação de maneira mais duradoura.

“O Brasil precisa pensar uma renda básica perene, não emergencial, pelo menos durante alguns anos, para que as pessoas possam se reorganizar, se reestruturar”, disse ele sem citar os projetos de deputados que visam criar um programa fixo para a população.

“A situação do Brasil vem se deteriorando ao longo dos últimos cinco anos. A culpa não é só da pandemia por isso que é mais preocupante. O Brasil já estava caminhando e aumentando o número de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional em todo o país”, completou ele.

Auxílio básico no Congresso

No Congresso, há uma série de projetos que visam criar uma renda básica para a população. A maioria das ideias são mais ousadas do que a do atual Bolsa Família. Mas o fato é que nenhum desses projetos que está em tramitação no Congresso ganhou vida.

E pelas informações de bastidores, nem é provável que ganhe. O foco do Governo neste momento é mesmo pagar o Auxílio Emergencial. Logo depois, eles querem começar a fazer os pagamentos do novo Bolsa Família. Ainda se sabe pouco sobre esse novo programa. Mas membros do Governo já estão afirmando publicamente que o novo programa vai atender mais gente e vai aumentar a média dos pagamentos.

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