Imagine ter o direito de receber um benefício e passar mais de 3 meses sem pegar no dinheiro. Um caso assim aconteceu de verdade no estado do Tocantins este ano. Uma auxiliar de limpeza que se identificou apenas como Márcia disse que passou por essa situação por muito tempo até que a Caixa reconheceu o erro.
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De acordo com Márcia, tudo começou ainda no primeiro semestre. Ela, que trabalha como auxiliar de limpeza de uma academia, entrou para o projeto de Preservação do Emprego e Renda (BEm). Para quem não lembra, esse era aquele programa do Governo que permitia acordos de redução de jornada ou mesmo de suspensão do contrato de trabalho.
O chefe de Márcia entrou em um acordo e optou por uma redução de jornada. Nesse caso, ficou acertado que ele pagaria 30% do salário dela e o Governo pagaria o restante proporcional a que ela tinha direito. A empregada em questão chegou a receber a primeira parcela, mas a partir do segundo ciclo o dinheiro não caiu mais.
De acordo com Márcia, a Caixa alegava que não ia fazer os pagamentos porque ela teria alguma dívida em aberto com o banco. No entanto, a empregada sempre deixou claro que não tinha nenhuma despesa. Durante essa discussão se passaram três meses sem que a auxiliar recebesse o dinheiro do Governo Federal.
No sistema do programa, constava que o Palácio do Planalto estava enviando o montante para a empregada. Entretanto, no caminho entre o banco e a empregada, essa quantia não chegava. Foram meses de muito aperto e sofrimento para a auxiliar de limpeza, que seguiu insistindo que precisava do dinheiro.
De acordo com as informações oficiais, Márcia recebeu recentemente a imagem de um documento interno do banco. Esse papel comprova que o que aconteceu foi uma falha na transferência do PIX.
“O valor de R$ 600 pendente no Relatório de Contas a Corrigir (RCC) para a conta (de Márcia) é referente a envio de PIX. Trata-se dos débitos comandados pelo gestor do produto sem a efetivação do débito na conta do usuário pagador”, diz o documento interno da Caixa Econômica Federal.
Na prática, o banco está dizendo que cometeu um erro e fez a correção de transferências de PIX sem que isso aparecesse no extrato da usuária. E para piorar a situação, eles usaram o depósito do benefício da mesma. A Caixa não se explicou sobre o ocorrido.
No caso dessa auxiliar de limpeza, a situação parece ter sido parcialmente resolvida. De acordo com ela, agentes do banco a chamaram na agência, reconheceram o erro e entregaram o dinheiro em espécie. O problema é que isso ainda não apareceu no extrato.
De qualquer forma, o medo agora é que casos assim se tornem menos incomuns do que se imagina. Erros no sistema de bancos não são casos episódicos. E em se tratando de benefícios emergenciais, isso pode dificultar muito a vida das pessoas.
Como dito, a Caixa não deu mais detalhes sobre essa situação. Então não tem como saber se esse problema afetou mais pessoas que receberam o Bem ou mesmo o Auxílio Emergencial que está sendo pago pelo Governo Federal.