O Ministério Público Eleitoral irá apurar se houve irregularidade na realização de diversas pesquisas eleitorais realizadas em todo o país, relativas às eleições municipais deste ano, custeadas com recursos dos próprios institutos.
Pesquisas eleitorais
A medida foi tomada após a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) enviar representação à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), relatando indícios de irregularidade, diante do aumento expressivo do número de pesquisas eleitorais em 2020 realizadas com verbas das próprias empresas, sem que tenham sido contratadas por veículos de comunicação, comitês partidários e outras entidades diretamente interessadas nas eleições, como é de costume.
Nesta terça-feira (03/11), o vice-procurador-geral Eleitoral, Renato Brill de Góes, encaminhou ofício aos procuradores regionais Eleitorais de todo o país, com informações referentes a mais de mil pesquisas eleitorais realizadas com recursos próprios das empresas. O intuito é que eles os procuradores regionais tomem providências necessárias para a apuração dos fatos, diretamente ou por meio de remessa aos promotores eleitorais.
Apesar das pesquisas terem sido sido realizadas em municípios de quase todas as unidades da Federação, com exceção dos estados Ceará, Paraíba, Roraima e Distrito Federal, a atribuição para investigar a eventual prática de ilícitos é da primeira instância de cada localidade onde foi realizado o estudo.
Registro das pesquisas
O vice-PGE, por meio do ofício, destacou que o simples fato de as empresas pagarem pelas pesquisas eleitorais com recursos próprios não é ilegal. Entretanto, a Lei nº 9.504/97 apenas exige que essas entidades registrem a pesquisa na Justiça Eleitoral, informando o valor e a origem dos recursos gastos na realização dos trabalhos.
“Entretanto, o grande volume de pesquisas eleitorais registradas como custeadas com recursos próprios, conforme demonstra a planilha enviada pela ABEP, entidade representativa das empresas que realizam as pesquisas eleitorais, leva a situação fática a um patamar que deve ser verificado pelo Ministério Público Eleitoral”, enfatizou Brill de Góes no documento.
Recursos próprios
O vice-PGE indica aos procuradores regionais e promotores eleitorais que solicitem às empresas listadas na planilha informações sobre o motivo da realização das pesquisas com recursos próprios e se elas realizaram outros levantamentos na mesma circunscrição, contratadas por terceiros e por qual valor.
Segundo o documento encaminhado pela ABEP à PGE, das quase 1.300 pesquisas registradas na Justiça Eleitoral até a terceira semana de agosto, feitas ao custo de R$ 27 milhões, mais de 70% foram custeadas com recursos das próprias empresas realizadoras dos estudos.
Abusos
A ABEP também classificou como tendência inesperada, o fato de que com a proximidade do pleito, aumentaram o número de pesquisas custeadas pelas próprias empresas.
Da mesma forma, de acordo com a associação, a maioria desses levantamentos foi promovido na metodologia face a face, o que exige o deslocamento dos entrevistadores e, consequentemente, um custo de execução maior do que em outros métodos de coleta.
Portanto, como entidade representativa do setor, a ABEP manifestou preocupação com o alto índice de levantamentos realizados fora do padrão usual de contratação e pediu ao MP Eleitoral providências, no sentido de coibir abusos, garantir a lisura do pleito e a liberdade de voto dos eleitores.
Fonte: MPF
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